sexta-feira, 27 de março de 2020

Covid-19 e financiamento monetário: austeritários mudam de campo

O novo programa de compra de ativos, o chamado Pandemic Emergency Purchase Programme (PEPP), anunciado a 18 de Março, criado pelo BCE para financiar despesas dos países da moeda única com a pandemia exclui liminarmente a possibilidade de financiamento monetário, ou seja, a criação de moeda a partir do nada, ou melhor, a criação de moeda assente apenas na suficiente capacidade do soberano emissor para o fazer.

Cinco dias depois, Francesco Giavazzi vem defender que a zona euro, neste contexto, deve financiar-se com uma conjunta emissão obrigacionista, ou de muito longa maturidade, ou não amortizável. Ou seja, que a zona euro, para fazer face a esta pandemia, deve usar financiamento monetário.

Mas quem é, afinal, Francesco Giavazzi? É tão só um dos pais da hipótese da austeridade expansionista, hipótese que mostrou ser falsa, mas que, entretanto deu cobertura pseudo-científica às instituições europeias e a quem nelas de facto manda para, na sequência da crise de 2007/2008 e da sua declinação europeia de 2010/11, imporem aos países do sul da zona euro um programa de ‘ajustamento’ com pobres resultados e de uma dureza talvez sem precedentes.

O que dizer? Voltarei a este assunto. Por hoje, a minha conclusão é que there is a crack in everything / that's how the light gets in, ou, em português, há uma falha em tudo / é assim que a luz entra.


5 comentários:

PauloRodrigues disse...

A banalização dos think tanks deu azo a que toda a espécie de charlatões tivessem "tempo de antena" num mundo em que os media estão 100% controlados pelas elites e a censura real faria corar de vergonha o mais fervuroso adepto de lápis azul de salazar.
Com tanta opinião publicada, os burocratas da ue podiam escolher a que mais conviesse e ignorar as restantes.
Aí, ficava a faltar apenas o empurrãozinho dos oligarcas.
Estão a ver a porta giratória do GS, por exemplo?

Jose disse...

Nada mais propagandeado do que o afirmar-se que as empresas prosseguem o lucro, que só visam o lucro, explorando e parasitando se podem.

De repente, os mesmos, esperam que se ponham a derreter capital em salários, com o pessoal em casa, sem ser de férias - que isso dos direitos e dos contratos é para levar muito a sério, como sempre deve ser.

Geringonço disse...

https:/www.ces.uc.pt/ficheiros2/files/7BarometroCrises_OE.pdf

Não seria este o endereço de "dureza talvez sem precedentes." Paulo Coimbra?

Paulo Coimbra disse...

Sim, caro Geringonço, obrigado pelo alerta. Está reposto.

Paulo Coimbra disse...

José,

Cansa essa lenga-lenga sempre igual em todos os posts independentemente do seu conteúdo. Não tem mais que fazer? Não tem nada para dizer? Porque não comenta o assunto acerca do qual escrevi?