segunda-feira, 31 de março de 2008
Aprender com a Alemanha
sábado, 29 de março de 2008
A crise do neoliberalismo ou a hora das reformas estruturais
sexta-feira, 28 de março de 2008
Socialismo
quinta-feira, 27 de março de 2008
O IVA e as eleições
Cavaco: "obviamente não vou comentar"
Menezes: "sem impacto na economia"
Sócrates: "veremos para o ano" [sobre nova descida para 19% em 2009]
Juntando estas declarações como se peças de puzzle se tratassem, dá vontade de dizer que esta descida de imposto, "sem impacto na economia", "é um pequeno passo" para que o PS consiga a tão desejada maioria absoluta nas legislativas de 2009. Cavaco "obviamente" não comenta e José Sócrates fica à espera das sondagens para ver se precisa de baixar ainda mais o imposto "para o ano".
Símbolos contra a estagnação
quarta-feira, 26 de março de 2008
Crise e ideias
terça-feira, 25 de março de 2008
Repressão ou redistribuição?
Segundo o DN, Portugal tem um polícia para cada 227 habitantes. A média europeia é de um para 350. O governo, num contexto de suposta contenção orçamental, prepara-se para formar mais dois mil polícias. Prioridades repressivas sem qualquer justificação. É sempre assim em sociedades demasiado desiguais. O Estado Penal atrofia o Estado Social.
Defender o SNS pela via fiscal
segunda-feira, 24 de março de 2008
quinta-feira, 20 de março de 2008
Plano inclinado travado?
quarta-feira, 19 de março de 2008
Alavancagem e crise
Recolocar a democracia no centro da agenda política
De acordo com um estudo recentemente publicado pelo think-tank britânico Demos, Portugal é um dos países menos democráticos da Europa (dos países incluídos no estudo só a Bulgária, a Roménia, a Polónia e a Lituânia ficam atrás). Segundo a publicação, os países mais democráticos encontram-se na Escandinávia e no Benelux (curiosamente, países onde os partidos social-democratas continuam a não ter vergonha de falar em socialismo).
O estudo mostra que maiores graus de democraticidade estão tipicamente associados a países mais igualitários, mais tolerantes e onde os índices de confiança e felicidade são mais elevados. A democraticidade tende também a aumentar com o nível de PIB per capita e com o Índice de Desenvolvimento Humano, mas só até certo ponto (a partir do qual não há uma relação clara entre democraticidade e riqueza/desenvolvimento).
O «Índice de Democracia Quotidiana» baseia-se na análise do grau de democraticidade em 6 domínios (cada um deles avaliado com base em vários indicadores): democracia formal; activismo e participação cívica; aspirações e deliberação; democracia na família; democracia no local de trabalho; e democracia nos serviços públicos (e.g., educação, saúde). Portugal só não surge nos últimos lugares na avaliação do primeiro domínio (democracia formal). Lição a retirar: muito do trabalho que começou há 34 anos ainda está por fazer.
A hora das reformas estruturais
A crise de uma fé
terça-feira, 18 de março de 2008
A recessão está aí
Com os noticiários a abrirem com peças sobre os mercados bolsistas, as graves consequências da crise na economia real norte-americana têm passado despercebidas. Nos EUA, 63 000 postos de trabalho desapareceram, em termos líquidos, no mês de Fevereiro e os anteriores números de Janeiro foram revistos em baixa. Foram 22 000 os postos de trabalho perdidos, em vez dos 17 000 inicialmente anunciados. Estes números são acompanhados por uma queda do comércio grossista e por um mercado imobiliário ainda
Bearish
Na passada semana a Standard and Poor’s publicou um relatório onde proclamava que «o sector financeiro global parece já ter anunciado a maioria das amortizações». No entanto, o final de semana ficou marcado por mais um episódio desta interminável crise: o colapso do banco de investimento Bear and Stearns. A Reserva Federal foi obrigada a intervir, mediando e injectando liquidez na compra deste pelo seu rival, JPMorgan, por pouco mais de um quinto do valor da sede da Bear and Sterns. Entretanto, o Fed não ficou por aqui e, numa acção inédita, decidiu descer as taxas de juro num Domingo. Abaixo fica um vídeo, roubado ao bitoque, ilustrativo do pânico nos mercados causado pela crise da Bear and Stearns.....em Agosto!
Os espíritos animais de João César das Neves
Notar que JCN tem de recorrer a Keynes para «explicar» a actual crise financeira. Lá se vai a sua querida economia ortodoxa povoada de agentes omniscientes e de mercados sem falhas relevantes. O que JCN não refere é que Keynes defendia, e bem, que a instabilidade financeira é um atributo necessário de mercados financeiros desenhados de acordo com as prescrições liberais. Estes gerariam incentivos e padrões de interacção concorrenciais que levariam «pessoas inteligentes e informadas» a cair «em erros infantis e evidentes». Com consequências desastrosas para toda a economia. Por isso, Keynes propunha a reforma profunda dos mercados financeiros e a diminuição da sua importância económica, política e social. Taxas e aumento do controlo político. É claro que basta recordar as recentes posições entusiastas de JCN a favor do incremento do papel dos mercados financeiros liberalizados (por exemplo, na área da Segurança Social) para concluirmos que não são só os seus operadores que cometem «erros infantis e evidentes».
segunda-feira, 17 de março de 2008
Superar escolhas trágicas
União Europeia e regressão social
domingo, 16 de março de 2008
Como desacreditar um protesto
Razões de queixa não faltam aos 700 mil funcionários públicos nos últimos anos. E no entanto menos de 1% destes participaram na manifestação de 6ª feira - isto uma semana depois de mais de 2/3 dos professores deste país terem vindo até Lisboa para gritar o seu descontentamento. Haverá muitas razões por detrás desta disparidade na mobilização para o protesto. Suspeito que Ana Avoila, a FNSFP e a sua estratégia façam parte do rol.
sábado, 15 de março de 2008
Desigualdade: um bloqueio ao desenvolvimento
(O resto está aqui.)
sexta-feira, 14 de março de 2008
O mito do mercado livre
Alguns notas: (1) «a liberdade económica de quem emprega» tem como contrapartida necessária a vulnerabilidade de quem é empregue; (2) a economia, como sublinham os economistas institucionalistas, em especial Warren Samuels, é sempre estruturada por um sistema de regras que gere as interdependências da vida económica, ou seja, um sistema de regras que define quem é que pode impor custos sobre quem, quem é que pode coagir quem, como é que a «liberdade» é repartida e quem é que a ela está exposto; (3) o mercado, qualquer mercado, é sempre uma construção política mediada por valores, ou seja, é o governo que tem de definir a estrutura que atribui direitos e as correlativas obrigações (John Commons): «legislar» não é uma opção; (4) assim, falar de «mercado livre» para caracterizar uma dada estrutura é deixar que a ideologia e os valores «contaminem» a análise; (5) isto é o resultado de uma insuficiente reflexão nas ortodoxias económicas (e em algumas heterodoxias) sobre a relação necessária da economia com a ética e com a ideologia e sobre a natureza plástica das instituições que definem o perfil de um dado sistema económico capitalista - direitos de propriedade, contratos, mercados; (6) quando se pretende fazer apenas «economia positiva», fechando a porta às impurezas, estas entram sempre pela janela sob a forma de pressupostos não escrutinados; (7) só a partir daqui é que a «análise positiva» sobre os padrões que podem ser gerados por diferentes regras pode prosseguir de forma satisfatória; (8) Este livro recente discute com grande clareza e rigor analítico estas importantes questões. Hei-de voltar a ele.
quinta-feira, 13 de março de 2008
Dilemas da economia portuguesa - o contributo de José Reis
José Reis termina com a definição de três pilares que devem suportar uma política económica de esquerda: (1) qualificação e valorização do trabalho, no quadro de uma redefinição das regras que combata «relações de poder assimétricas» e que reconheça a «relação salarial como relação organizacional e não apenas como relação mercantil simples»; (2) melhor articulação entre os princípios da concorrência mercantil e as «lógicas de organização da economia para lá dos mercados», superando os simplistas dilemas liberais; (3) «falar sem inibições de boa despesa pública, do necessário papel do Estado perante a ‘sociedade privada’, bem mais ineficiente e tacanha que o próprio Estado nas suas piores facetas». A luta por um modelo de desenvolvimento inclusivo começa sempre pela luta das ideias.
Dilemas da economia portuguesa - o contributo de Francisco Louçã
As semelhanças também são sublinhadas. Recorrendo à evidência disponível em matéria de políticas socioeconómicas, Francisco Louçã contraria «a boa fama que Zapatero tem em Portugal»: «Neste contexto, os governos - fosse aqueles que dispunham de superavite orçamental fosse os que estavam subordinados a um défice - mantiveram um nível de protecção social extraordinariamente baixo para o padrão europeu. Este é talvez a melhor demonstração da vacuidade da disciplina orçamental: com dinheiro ou sem ele, os dois governos fizeram o mesmo». Assim, para Francisco Louçã o défice social define um modelo de desenvolvimento com traços comuns: «um reajustamento das normas sociais de rentabilidade e de acumulação por via do desemprego e sobretudo da precarização, pressionando os salários, ao mesmo tempo que a readaptação tecnológica se vai fazendo». E conclui: «A ibéria aprendeu pouco com as suas virtudes e muito com os seus defeitos».
Dilemas da economia portuguesa - o contributo de Carlos Carvalhas
Que fazer? Para Carlos Carvalhas há duas linhas essenciais: (1) aumentar o investimento público, no quadro de uma estratégia de apoio ao sector de bens transaccionáveis, de qualificação da força de trabalho e de combate à especulação financeira, aliada a uma valorização do trabalho, única forma de colocar o «país a caminhar nas duas pernas, exportações e mercado interno»; (2) reconhecer que as tendências de polarização, resultado do alcance das forças de mercado na zona euro, só podem ser travadas por uma política europeia que aumente substancialmente «o papel redistributivo do orçamento comunitário». Isto é crucial para uma economia periférica com importantes défices socioeconómicos.
Dilemas da economia portuguesa
quarta-feira, 12 de março de 2008
Desigualdades e crise II
Os dois artigos que FL escreveu para o Mdiplo constituem, na minha opinião, o melhor que já se escreveu sobre este processo, as suas raízes e as suas implicações. Podem ler o primeiro em versão integral aqui. E um excerto do segundo aqui.
Desigualdades e crise
O Custo da Guerra
Opositor da invasão do Iraque desde o seu início, Stiglitz denuncia as diferentes dimensões financeiras desta vergonhosa guerra, desde crescimento dos seus custos directos (aumentaram três vezes desde a invasão) à privatização do esforço de guerra. Interessante é também a análise de como esta guerra foi acompanhada, pela primeira vez na história norte-americana, por uma descida dos impostos (para os mais ricos), tornando o financiamento totalmente dependente do endividamento. Quarenta por cento deste vem do estrangeiro.
Talvez a melhor forma de perceber a dimensão financeira desta tragédia seja o cálculo do que se poderia ter feito com o dinheiro público agora gasto: um sexto do que foi gasto financiaria o anunciado défice da segurança social norte-americana nos próximos 50 a 60 anos; o custo de alguns dias de guerra teriam financiado o programa de apoio à saúde infantil vetado por Bush por ser demasiado caro.
terça-feira, 11 de março de 2008
Neoliberalismo e acção colectiva
As hipótese e previsões «pessimistas» da «lógica da acção colectiva» são tão importantes que estimularam toda uma linha de investigação na área da economia experimental e comportamental. Esta tem procurado, com assinalável sucesso diga-se, mostrar como as previsões originais falham precisamente porque estão ancoradas em hipótese redutoras (ou parcimoniosas como lhes chamou Hirschman) sobre o comportamento humano.
Nota. Sobre a teoria da escolha pública pode consultar-se com proveito o livro de introdução de André Azevedo Alves e José Manuel Moreira. Os economistas portugueses da chamada escola austríaca, a ala mais sofisticada e intransigente da movida neoliberal, sabem bem que a teoria da escolha pública, de que Olson é fundador, é uma das melhores armas contra todos os projectos socialistas, antigos ou modernos.
Não se percebe...
segunda-feira, 10 de março de 2008
Geração de ideias?
‘Para que as coisas permaneçam iguais, é preciso que tudo mude’?
Tendências e apostas políticas globais
domingo, 9 de março de 2008
A acção colectiva e as suas lógicas
Isto também é uma questão de 'ethos'
De facto, existe investigação que tem sublinhado os efeitos perversos de certos métodos de avaliação, reveladores da confiança excessiva na lógica dos incentivos para «guiar» a conduta dos profissionais. Por isso é que todas as modificações nesta área têm de ser feitas com um cuidado e uma sensibilidade extremas. Isto só resulta se os professores participarem na sua definição e forem persuadidos (sublinho a palavra persuadidos) dos seus méritos. Além disso é preciso nutrir e deixar espaço para atitudes e comportamentos que nunca serão considerados pelos métodos de avaliação realmente existentes. Em última análise, a política pública só funciona se for capaz de reconhecer a importância do «ethos» profissional. É também por isto que, como o Ricardo já aqui assinalou, a política do actual ministério da educação fracassou.
O jornal de todas as esquerdas
Qual é o projecto da social-democracia?
sábado, 8 de março de 2008
Uma grande responsabilidade
Por muito que a equipa da 5 de Outubro insista que é a desinformação orquestrada pelos sindicatos que conduz ao protesto, a insatisfação tem razões profundas - umas porventura mais justas do que outras, umas mais recentes e outras que vêm de trás, mas todas elas reais. Isto ajuda a explicar os inúmeros protestos que têm ocorrido em todo o país, bem como as várias associações que têm sido criadas em defesa da escola pública e da dignidade dos professores, muitas por iniciativa espontânea de professores que não estão ligados às direcções sindicais.
Tal não significa, no entanto, que Mário Nogueira e a Fenprof estejam apenas a aproveitar-se do descontentamento geral entre os professores para projectarem a sua imagem e as suas agendas. Em grande medida, se Mário Nogueira vai ficar ligado a este movimento é por mérito próprio. O seu percurso enquanto sindicalista não é o de um desconhecido que chega ao topo da maior federação de professores por mera confiança política do partido a que pertence. Durante vários anos Mário Nogueira esteve à frente do Sindicato dos Professores do Centro, onde se destacou pela sua combatividade e capacidade de mobilização dos colegas docentes - características essenciais para um dirigente sindical, que passam sempre por conhecer a realidade das escolas, de saber interpretar os motivos de insatisfação, de construir um discurso claro que reflicta esses motivos e de organizar o trabalho sindical aos vários níveis.
Tendo ganho o protagonismo actual, Mário Nogueira e a direcção da Fenprof têm uma grande responsabilidade pela frente. Cabe-lhes contribuir para dignificar a profissão docente, indo para além das legítimas reivindicações salariais e de carreira. Cabe aos dirigentes sindicais demonstrarem que existem formas de abordar os vários temas em discussão (a avaliação de professores, mas não só) que são mais razoáveis e exequíveis do que as que saem da 5 de Outubro. Cabe-lhes mostrar pela prática que a sua acção dirigente não é, nos aspectos essenciais, determinada por orientações externas à organização que representam. Em suma, cabe-lhes contribuir para encontrar soluções que protejam a escola pública enquanto valor civilizacional - o que implica evitar a degradação da sua qualidade e da sua reputação - soluções essas que têm de ter em conta a limitação dos recursos existentes num país como o nosso.
A verdadeira prova começa agora. Seria bom para a dignificação dos professores, para a escola pública e para o futuro deste país que Mário Nogueira mostrasse que tem tanta capacidade de proposta como tem de organização do protesto.
sexta-feira, 7 de março de 2008
Por uma política europeia de coordenação salarial
quinta-feira, 6 de março de 2008
Problema resolvido
A tragédia portuguesa em dois actos
A tragédia europeia continua?
quarta-feira, 5 de março de 2008
Felizmente não somos todos parvos
O primeiro-ministro disse no Parlamento que o CSI passaria para 400 euros, ou seja, todos os idosos pobres veriam os seus rendimentos elevados até esse patamar. O valor anterior era 323,5 euros, o que significaria um aumento de 23,6%. Mas há um pequeno detalhe. Este último valor corresponde a um catorze avos do valor anual que é definido legalmente, enquanto os 400 euros anunciados por Sócrates correspondem a um doze avos. A comparação não se pode fazer. No fundo, o CSI passou de 323,5 euros para 342,9 euros, o que é substancialmente diferente. A isto chama-se desonestidade.
Mitos e ilusões
O controlo de capitais faz parte do menu das políticas de desenvolvimento
terça-feira, 4 de março de 2008
Será que é desta?
Desmontagem gradual do SNS?
1%
A discussão com Milton Friedman é prometedora.
segunda-feira, 3 de março de 2008
Privatização da Saúde
É, no entanto, a separação entre o financiamento e a provisão, promovida pela maioria dos estados europeus, que permite hoje os mais radicais passos privatizadores dos cuidados de saúde. Através da introdução de mecanismos concorrenciais, existe uma autêntica revolução na forma como a provisão está hoje organizada. Os mercados internos, a empresarialização e privatização da gestão dos hospitais ou as parcerias público-privado são alguns exemplos. O grande objectivo passou a ser a redução de custos. No entanto, estas mudanças conduzem-nos a um sistema progressivamente ineficiente. A afectação de recursos passa a ser movida pela lógica do lucro e não pela provisão dos cuidados de saúde per se. O resultado é um sistema onde se gasta cada vez mais para fazer cada vez pior (à imagem dos EUA), minado por elevados custos de transacção e problemas de assimetria de informação.
A privatização da saúde em curso apresenta-se assim como um excelente exemplo do projecto neoliberal, aqui muito bem definido pelo João como «reengenharia do Estado por forma a torná-lo, e aos recursos que controla, num vasto mecanismo de promoção dos interesses dos grupos económicos capitalistas».
Adenda: Importa lembrar que o envelhecimento da população e os desenvolvimentos da medicina são importantes causas, não referidas acima, do aumento dos gastos de saúde.
Esperança bloqueada?
Estado Penal ou Estado Social?
domingo, 2 de março de 2008
Existem alternativas económicas
The Kills - Cheap and cheerful
Este vai ser certamente um dos álbuns do ano. Concerto dia 12 de Abril na Casa da Música.