Evolução da Euribor a 6 meses.
Fonte: http://www.global-rates.com
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Sim, a culpa do que estamos a viver continua a ser da crise
financeira. Sim, a culpa continua a ser dos produtos financeiros que, sob o
pretexto de proteger os investidores da instabilidade dos mercados, a aumentam
exponencialmente. E sim, continuamos a falar de contratos SWAP.
A evolução das taxas Euribor dos últimos anos dá-nos uma
visão de contexto do que terá acontecido*:
Entre 2005 e 2008 as Euribor subiram de valores da ordem dos
2%, para valores que chegaram a ultrapassar os 5%. Claro que quem tinha
contratos indexados a estas taxas, viu os seus custos aumentar e não é estapafúrdio
admitir que alguns gestores públicos que contrataram os SWAP se estivessem realmente
a tentar proteger de novas subidas. Mas estes gestores parecem ter-se esquecido
da lei popular que estipula que tudo o que sobe, mais tarde ou mais cedo, tem
de descer. E essa previsão nem sequer era muito difícil de fazer, a partir do
momento em que o mercado começou a funcionar acima da média de longo prazo do
mercado que foi de 3,26% entre 1999 e 2007.
Os gestores públicos assinaram contratos que seriam
fortemente penalizados no momento em que essa descida acontecesse. É um daqueles
milagres do mundo financeiro em que uma descida das taxas de juro se vira
contra os devedores e os faz pagar ainda mais pelos seus financiamentos do que se
as taxas de juro tivessem subido…
No final de 2008, as
taxas de juro colapsaram e as empresas públicas portuguesas ficaram com uma
conta astronómica para pagar. Claro que rapidez da descida e os valores
atingidos pelas taxas eram difíceis de prever e pioraram muito a situação, mas
a verdade é que a probabilidade de descida sempre existiu e o risco foi
assumido assim mesmo.
Nada justifica que estas empresas tenham utilizado dinheiros
públicos em produtos complexos especulativos. Mas, para além disso, olhando para
a evolução dos números, o desfecho negativo nem sequer era assim tão difícil de
adivinhar nem por estes gestores, que foram no mínimo incompetentes, nem pelos
bancos que lhes proposeram os contratos…
* Continuamos a falar do que terá acontecido porque, como não
me canso de lembrar, estes contratos e os relatórios na base da sua análise, continuam
a ser classificados e desconhecidos dos contribuintes que os pagam.