É preciso repetir uma pergunta que é toda uma economia política: se Cavaco Silva e sua filha compraram acções da SLN a Oliveira e Costa por um euro, revendendo-as ao mesmo Oliveira e Costa por 2,4 euros, por que é Rui Machete, também com bons contactos e com as mesmas motivações, não faria o mesmo? A diferença residiu só no montante de acções e de mais-valias, numa operação em que os preços também foram definidos por razões que só os envolvidos conhecem: as acções nem sequer eram transacionadas nos tão adorados quanto evitáveis mercados. Bancarrotocracia. Entretanto, o mundo da bancarrotocracia é mesmo pequeno, como bem se tem sublinhado na câmara corporativa a propósito também do novo “mister swaps” que coadjuva a “miss swaps” no governo. Sempre a bancarrotocracia.
O mundo do poder político dos bancos-zumbi permite sublinhar vários pontos contra a economia política globalista, a que só vê anónimas lógicas de mercados globais que supostamente transcendem os Estados e as ancoragens sociais e territoriais de toda a actividade económica, incluindo a financeira. Em primeiro lugar, os Estados são centrais na finança neoliberal, tanto na criação das condições regulatórias para a sua emergência como na sua perpetuação em tempos de crise. Em segundo lugar, as redes sociais são decisivas; trata-se de uma pequena elite nacional que circula por aí, uma casta, na realidade, bem posicionada nos nós de passagem do dinheiro, no aproveitamento da opacidade gerada por esta finança. Em terceiro lugar, a imbricação entre poder político e poder económico não é defeito, mas sim feitio do tóxico regime económico. De facto, a influência política é a continuação da concorrência pelos mesmos meios, quanto mais intensa a segunda mais forte a primeira. Isto é sobretudo assim quanto maior for o grau de discricionariedade de operadores financeiros ditos privados, a sua capacidade para gerar e transferir custos sociais para terceiros, e quanto menor for o grau de autonomia do Estado face a estes.
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2 comentários:
Isto é uma vergonha! E para que a poeira não assente, os amigos dos SLN/BPN vão sendo estrategicamente colocados. Apesar de tudo, prefiro o circo...
A questão principal da venda de acções de Cavaco e Machete não é tanto a taxa de lucro. É o facto, ao que parece quase único, de o Banco (BPN) recomprar as suas próprias acções a preço especulativo e com despacho de autorização do PCA (CEO) Oliveira e Costa.
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