quarta-feira, 28 de agosto de 2013

O Excel da nossa austeridade


O FMI publicou gráficos para retratar a evolução dos salários em Portugal e defender a importância de mais cortes no sector privado que partem de uma amostra deturpada. Da base de dados usada foram eliminadas milhares de observações que davam conta de um aumento significativo do número de reduções salariais em Portugal no ano passado, sabe o Negócios. Os resultados deste procedimento facilitam a argumentação a favor de mais flexibilidade laboral (…) Os dados divulgados estão (…) errados, subestimando a dimensão das reduções salariais registadas na base de dados da Segurança Social, apurou o Negócios junto de várias fontes. A instituição internacional já sabe do problema com a amostra. E diz ao Negócios que se limitou a usar informação fornecida pelo Executivo. Explicações oficiais ao Governo não foram pedidas, mas o FMI diz que continua a analisar a flexibilidade salarial em Portugal (…) O Negócios sabe que a informação da folha de Excel enferma de vários problemas (…) Ao que foi possível apurar junto de fonte conhecedora do processo, das observações ignoradas referentes a 2012, pelo menos três quartos dizem respeito a cortes salariais. A confirmar-se esta informação, mais de 20% dos trabalhadores por conta de outrem sofreram cortes salariais o ano passado, contra os 7% reportados pelo FMI. A estes juntam-se os 45% que enfrentaram uma estagnação salarial. Ou seja, 65% dos trabalhadores viram o seu salário manter-se ou diminuir. A tese da rigidez nominal de salários e das suas implicações na destruição de emprego sai fragilizada.

Alguns dos excertos mais relevantes de uma relevantíssima notícia de Rui Peres Jorge no Negócios, a fazer lembrar Thomas Herndon. Definitivamente, a economia política neoliberal parece ter demasiados problemas com o Excel...

1 comentário:

R.B. NorTør disse...

Já a sua relaçao com a estatística e o efeito que a amostragem tem nos resultados está de boa saúde e recomenda-se!