quarta-feira, 12 de março de 2008

Desigualdades e crise

Este revelador gráfico foi retirado do «consider the evidence», um excelente blogue norte-americano, especializado na análise das desigualdades. Ilustra bem os padrões que são inevitavelmente gerados por mais de duas décadas de domínio das ideologias do mercado sem fim. O enorme aumento das desigualdades de rendimentos, fruto de alterações institucionais que enfraqueceram a generalidade dos trabalhadores assalariados e que reforçaram a finança e os seus agentes dopados com perversos incentivos pecuniários, revela hoje todas as suas consequências socioeconómicas. Quem quiser perceber a actual crise financeira terá que começar por aqui. Pelo sobre-endividamento das famílias mais pobres como resultado do duplo processo de estagnação salarial, num sistema que necessita de fontes permanentes de procura, e de concorrência desenfreada envolvendo entidades financeiras cada vez mais «criativas». Entretanto a crise continua a alastrar sem que ninguém saiba ainda a verdadeira dimensão do «problema». Aqui chegados, os liberais sofisticados só têm uma solução: «devemos rezar para que a Reserva Federal consiga resolver o problema». Caso contrário, podemos estar perante «um acontecimento político histórico».

3 comentários:

NC disse...

Já há muito tempo que não passava por aqui. Vejo que nada mudou. Ainda se continua a achar que uns só podem ser ricos à custa do empobrecimento de outros.

Nuno disse...

O gráfico q reflecte as desigualdades fala por si. Há quem se recuse a abrir a pestana-tana e confunda enriquecimento com aumento das desigualdades!
O facto de um Martin Wolf já colocar a hipótese de nacionalizações devido aos problemas gerados pela ilimitada fé no "mercado" é deveras significativo. Explica mm pq é q por aqui nada mudou! Vejam lá q foi o Wolf q mudou!

L. Rodrigues disse...

Tarzan, talvez não seja a única maneira, mas no actual clima político é certamente a mais fácil.