quarta-feira, 25 de março de 2020

Simétrica, uma ova

Parem de dizer e escrever que "esta crise é simétrica". Raramente uma crise, qualquer que seja a sua origem, produz efeitos equivalentes nos diferentes países. Desta vez não é diferente.

Desde logo, há sectores mais afectados do que outros e as estruturas produtivas dos países diferem muito. Por exemplo, os países onde o peso do turismo é maior e/ou que são mais dependentes do exterior para a produção de equipamentos médios e bens essenciais, tenderão a ser muito mais afectados do que os restantes.

Da mesma forma, os custos de financiamento tendem a aumentar mais para os países que, por diferentes motivos, são considerados como sendo mais arriscados para os investidores.

Como em qualquer crise, vamos ter efeitos muito diferentes entre os países da UE - e é por isso que vai se tão difícil encontrar uma solução consensual.

3 comentários:

Anónimo disse...

Quem disse ou escreveu que esta é uma crise simétrica?

Tal ou tais escrevinhador(es)(as) deveria ser açoitado em praça pública. (Figurativamente, claro, não porque não o merecesse fisicamente mas porque, devido ao necessário recolhimento, poucos poderiam gozar o espectáculo de visu).

É espantoso como se pode ser tão estúpido e dizer ou escrever uma bacorada tamanha.

404 disse...

Obviamente que não é simétrica. Tanto neste caso como durante a crise de 2008, e fomos efeitos das alterações climáticas, quem vai sofrer mais são os "dispensáveis". E uso o termo dispensáveis porque é esta a ideia que, no fundo, a teoria liberal e neoliberal defende. No que toca à UE, em vez de perderem tempo com a satisfazer modelos teoricos, deviam ter em atenção números que importam, como por exemplo o rácio entre camas disponíveis por habitante. Que como sabemos são díspares mesmo dentro de uma união que supostamente quer se solidária. E quando falo deste indicador, o mesmo pode ser dito em relação a outros.
Em ocasiões como esta, tendem a exacerbar discursos, e com isto, a mostrar os verdadeiros conflitos e intenções. Temos o discurso de que é preciso salvar a economia, leia-se empresas, porque afinal "empresas têm despesas fixas". Sim, porque as despesas de quem trabalha são variáveis, variam com a fome...
E falando especificamente sobre países nações e regiões, já é altura de aprendermos que a terra não é plana.

Jose disse...

Nada como uma pandemia para assinalar uma outra: o mundo é feito de diferença.

Novidade extraordinária, quotidiana, ancestral, permanente!