sexta-feira, 20 de março de 2020

PM despede ministra do Trabalho

A ideia de que os trabalhadores serão a variável de ajustamento dos tempos que se irão seguir é dada em dois aspectos:

1) O primeiro-ministro afastou a ministra do Trabalho do gabinete de crise do Governo. E esse afastamento apenas pode ser explicável porque acha que a ministra é dispensável porque já lá está Pedro Siza Vieira, ou porque não lhe vê competência, ou porque acha que a sua pasta é instrumental; ou pelas três razões em conjunto.

O gabinete integrará os ministros de Estado, da Saúde, da Administração Interna, da Defesa Nacional e das Infraestruturas, disse ontem António Costa na conferência de imprensa que se seguiu ao Conselho de Ministros que aprovou medidas para fazer face à pandemia do novo coronavírus. O facto de Ana Mendes Godinho ter sido afastada do fulcro das decisões é um mau sinal político do que aí vem. E, quando a crise acabar, deveria ser uma guia de despedimento da ministra.

Já a 9 deste mês, quando ainda havia apenas 39 infectados e se instalou a percepção de que, afinal, tudo iria ser mais complicado, António Costa  reunira-se com os ministros das Finanças, da Economia, Administração Interna, Saúde, Infra-estruturas e Planeamento. E o ministro dos Negócios Estrangeiros e a secretária de Estado dos Assuntos Europeus participam na reunião através de videochamada. O que pensar? 

2) O ministro que manda nos apoios não é favorável a condicionamentos às empresas. Pedro Siza Vieira quando questionado sobre despedimentos, acaba sempre por não responder ou chutar para canto. Ainda ontem no Telejornal da RTP, o ministro Pedro Siza Vieira foi questionado se era possível despedir durante o Estado de Emergência e a resposta foi:
Aquilo que eu estou a dizer é que vamos avaliar esta situação. Mas é evidente que uma situação como esta é uma situação que tem custos. O que estamos a fazer - todos em conjunto - é ao mesmo tempo tentamos conter a propagação da epidemia e mitigar o mais possível o impacto adverso que é muito sério.
Para bom leitor, meia palavra basta.

Mas esta resposta tem um meta-discurso. Vai abrir-se uma situação em que a economia pode entrar numa recessão profunda, com nova escalada de desemprego e maior degradação das condições de vida dos portugueses, em que se vai aumentar substancialmente a chantagem sobre os trabalhadores e sobre as suas condições de trabalho e de vida, que já se vai vivendo. E isso terá fortes implicações nas opções sectoriais para o futuro. E - desta vez - sem a tábua salvadora do turismo.

O que sobrar do pós-Covid vai implicar medidas de fundo na nossa economia e um empenhamento de todos, se quisermos preservar alguma coisa do que temos ainda hoje.

3 comentários:

Paulo Marques disse...

O NAURU é resitente ao Covid19.

Geringonço disse...

Esta crise exige uma intervenção massiva do Estado para salvar vidas seja por razão directa do Covid19 ou pela economia em cacos...

Mas nós somos dominados por uma ideologia que defende intervenção massiva do Estado apenas salvar o "mercado-livre" (Capitalistas) ou para distribuir "democracia" no Iraque...

Os que não fazem parte da bolha liberal, cosmopolita, capitalista, mediática e europeísta podem ir morrer longe...

Anónimo disse...

A curto prazo a situação económica vai ser catastrófica.
A falha em reconhecer que só a supressão atempada dos focos de infecção e que medidas drásticas de isolamento são necessárias criou um problema maior do que seria necessário.

De certo modo as autoridades nacionais e europeias não aprenderam nada com a experiência que as autoridades chinesas tentaram transmitir.

É muito triste tamanha falta de inteligência!
Quem tivesse observado as tentativas de encobrimento chinesas e depois o decisivo combate ao virus pelas estritas medidas sanitárias devia ter percebido a magnitude do desafio que o coronavirus coloca. Então as autoridades europeias pensavam que a China encerrava a sua economia por capricho?

LOUCOS! Desperdiçaram o tempo e a experiência que os chineses lhes compraram.
Agora impõe-se pelo menos acertar na maneira de minimizar os efeitos da paralisia económica e se possível reposicionar estratégicamente o país para o futuro. Mas isto não será possível se continuarem a adorar bezerros de ouro como a globalização e a finaceirização despudorada.
E toda a margem de manobra existente, inclusive aquela que o virus veio criar, deve ser aproveitada; será criminoso não o fazer.