sábado, 14 de março de 2020

Europa em pandemia

Há 4 dias, já tinha acontecido. Mas desde aí acentuou-se ainda mais. Até a Organização Mundial de Saúde já veio assinalá-lo. Siga-se a evolução recente numa fonte interessante.


O número de novos casos diários de pessoas infectadas com o Covid19 - comparando os valores de um dia com o da véspera - no conjunto da França, Alemanha, Itália, Espanha e Reino Unido já ultrapassou o ponto mais alto (excluindo aquela subida a 12/2) verificado na China. Por outro lado, enquanto o Irão e a Coreia do Sul parecem ter estancado o número de novos infectados, na Europa, nos principais países da União Europeia, o fenómeno está em progressão.

O que nos faz pensar: por que razão os países da UE mostram uma evolução mais desordenada do que os números da Coreia do Sul e do Irão, já não falando do caso da China?

Hoje, a Espanha registou uma subida acentuada. E os Estados Unidos já começam a surgir no radar das estatísticas.


E mesmo quando se analisa o ritmo da progressão, não parece que esteja totalmente estabilizado: a evolução é irregular. Portugal está um pouco abaixo do Reino Unido, com 34 novas pessoas hoje. Mas não se ficará por aqui. Pelo menos, a julgar pela evolução dos seus parceiros europeus.


E há mais países europeus já com números consideráveis, embora que não sejam tratados com tanto desenvolvimento na fonte seguida. A Suíça já tem 1139 infectados, a Noruega 995, a Dinamarca 801, a Holanda 804, a Suécia 814, a Bélgica 559, a Áustria 504, a Grécia 190, a Islândia 134, a Finlândia 155, a Roménia 89, a Irlanda 90, a Polónia 68, a Croácia 32, a Estónia 79, a Hungria 19, a Sérvia, 35, a Letónia 17, a Eslováquia 32, etc. A Europa já deve ter cerca de 25% dos infectados em todo o mundo.

Se a União Europeia continuar com as habituais hesitações, esta pandemia arrisca-se a ter proporções graves. E esperemos que algures num escritório envidraçado, com uma bela vista sobre a cidade, não se esteja já a pensar como se poderá transformar esta crise numa janela de oportunidade para - à semelhança da crise de 2007/2008 - reforçar-se uma ideologia austeritária em crise. Veremos.

14 comentários:

Paulo Marques disse...

A China passou a fazer um esforço de contenção que não sei se seria aceite noutro lado, ou possível numa economia aberta. Os Estados Unidos fazem tudo para não fazer testes para acalmar os mercados (portanto, aqui convém dizer que são irracionais...), por isso ninguém faz ideia. O Irão, por outro lado, perdeu o controlo e também não se sabe.
Apesar de tudo, não se está mal... Ao menos não temos a cadeia de comando toda a tocar no mesmo microfone durante uma conferência de imprensa.

Anónimo disse...

Interessante!

Fazendo as contas à percentagem de mortos sobre o total de casos a Itália apresenta 7,2% e a China 3,9%.

Apesar de os ciclos da epidemia estarem em fases diferentes nos dos países, sendo 14955 os casos ainda activos em Itália a tendência será a aumentar a percentagem de casos fatais.

Bem sei que pode haver manipulação nos números chineses ou até simplesmente variações na metodologia de teste ou desvios devido a casos que escapam à detecção, mas pergunto-me se o facto de na China 70% dos doentes terem sido tratados simultâneamente com cockteis antivirais e TCM não terá alguma coisa a ver com uma melhor taxa de recuperação.

https://www.globaltimes.cn/content/1180276.shtml

Para não provocar engulhos devo prevenir que o Globaltimes é um orgão semioficial do PCChina.
Mas se isto fôr um padrão válido implicaria que a TCM é realmente eficaz a impedir que os casos se agravem e evoluam para a morte do paciente.

Jaime Santos disse...

Evolução desordenada? Quer uma boa explicação? Que tal o acaso? O crescimento exponencial italiano pareceu iniciar-se na contaminação de Codogno mas provavelmente a doença chegou ao 'business hub' de Milão semanas antes...

https://www.publico.pt/2020/03/13/mundo/noticia/italia-tao-afectada-novo-coronavirus-tantas-mortes-1907421

Eu sei que custa aos Marxistas e outros deterministas, mas aprendam a viver com a contingência, sim?

esteves ayres disse...

Já não era sem tempo das chamadas para o Saúde24 fossem gratuitas, foi mais uma tentativa de acabar com SNS...https://www.arslvt.min-saude.pt/frontoffice/pages/2?news_id=34
Destes 169 casos quantos estão nos hospitais privados? Como é do conhecimento geral, o PSD/CDS (e uns tantos do PS) ao longo dos anos têm tentado acabar com o SNS! No governo de Passos/Portas/Cristas tutelado por Cavaco, e apoiando/fomentado o PPP e, sempre na defesa dos Hospitais Privados e Seguros de Vida...Para acabar com o SNS...
Esperamos que o governo feche as Fronteiras, quanto antes...

Anónimo disse...

Paulo Marques resume bem a situação.

Em relação aos US suspeito que vão adoptar uma linha de acção darwinista, aceitando as mortes resultantes sem procurar conter sériamente a propagação para não afectar a economia.
Vêem-se artigos online a defender que a especulação nos preços de artigos como máscaras e desinfectante são positivas porque forçam as pessoas a só comprar o essencial. Quem não tenha o necessário poder de compra para o essencial que se dane. Está aliás em linha com a inexistência de um serviço nacional de saúde nos US. Libertários como o José vão dizer que é uma forma de redução populacional e de a sociedade se libertar do excesso de séniores improdutivos.
Tudo temperado com um exacerbado cinismo malthusiano...
Isto a não ser que "milagrosamente" seja descoberto um tratamento rápido e eficaz. Caso em que se levantaria a suspeita de que o tratamento já existiria, o que seria de um monstruoso cinismo.

Na EU a situação é mista. A mortalidade em Itália parece anómala mesmo em relação a Espanha, mas pode ser só por a propagação em Espanha estar num momento anterior do ciclo.

Honestamente parece haver dois tempos ou se quisermos dois conjuntos de medidas que fazem sentido.

Uma em que o distanciamento social não interfere com a actividade económica, mas que pode ser insuficiente para conter a propagação e até a aceleração do número de casos, correndo-se o risco de ultrapassar a capacidade de tratamento dos serviços de saúde. ESta parece ser a opção italiana, se de opção se pode falar.

Um segundo cenário em que a actividade económica não essencial à sobrevivência encerra e medidas de contenção extremas são postas em prática, qualquer que seja o preço económico a pagar, ou seja uma opção próxima da chinesa.

Repare-se na opção sul-coreana que parece ser inspirada na opção chinesa mas com o benefício da experiência que o atraso na propagação confere. Uma mortalidade incrivelmente baixa (72 ou 0,9%) mas ainda muitos casos activos (7300).

A opção chinesa parece compensar em termos de mortalidade e protecção da população embora o preço económico da paralisação seja enorme. Só nos próximos meses, quando a produção recomeçar e as diversas actividades forem restauradas se poderá avaliar quanto custou proteger a população chinesa. As estatísticas chinesas, assumindo que são fiáveis podem reflectir uma maior mortalidade do que a sul-coreana em função da surpresa que ditou uma menor eficácia e hesitação na resposta.

Veremos quais são as directivas "europeias". A solidariedade, ou falta dela, ditará o sentimento para com a EU que será a resultante. No caso italiano auguro que a China ao demonstrar uma solidariedade activa marcou pontos em matéria de "soft power" com inteira justiça.

Dá vontade de mandar o Sr. Jaime Santos b_rdam_rd_ mais à sua "contingência".
A prioridade devem ser as pessoas.

Geringonço disse...

Pensam mesmo que estes dementes "Europeístas" não são capazes de utilizar o Covid19 para justificar ainda "mais Europa"?

Depois destes anos de austeridade, e de toda a pulhice deliberada da responsabilidade dos "Europeístas"?....

José M. Sousa disse...

https://climateandcapitalism.com/2020/03/11/capitalist-agriculture-and-covid-19-a-deadly-combination/?utm_source=feedburner&utm_medium=feed&utm_campaign=Feed%3A+climateandcapitalism%2FpEtD+%28Climate+and+Capitalism%29 A ler...

João Ramos de Almeida disse...

Caro Jaime,

Lá está você a deixar-se levar pela animosidade e os clichês.
Estamos a falar de saúde pública e a melhor forma de a conseguir. E como os situações de emergência revelam o actual estado das estruturas. E que isso serve para nos indagarmos sobre quais têm sido as preocupações. Acaso e determinismo nada têm a ver com o caso em discussão. Apenas como é que nos tratamos, como estamos preparados e organizados para lidar com o acaso.

José M. Sousa disse...

https://climateandcapitalism.com/2020/03/11/capitalist-agriculture-and-covid-19-a-deadly-combination/?utm_source=feedburner&utm_medium=feed&utm_campaign=Feed%3A+climateandcapitalism%2FpEtD+%28Climate+and+Capitalism%29&fbclid=IwAR1rigSL2SQOihoG3Rz_2v3kL-pbCS0QTLZfZpYzfSzTl1-j5UkBSEQI91A

«It’s important to understand that many new infections change over the course of epidemics. Infectivity, virulence, or both may attenuate. On the other hand, other outbreaks ramp up in virulence. The first wave of the influenza pandemic in the spring of 1918 was a relatively mild infection. It was the second and third waves that winter and into 1919 that killed millions.»

«Capital is spearheading land grabs into the last of primary forest and smallholder-held farmland worldwide. These investments drive the deforestation and development leading to disease emergence. The functional diversity and complexity these huge tracts of land represent are being streamlined in such a way that previously boxed-in pathogens are spilling over into local livestock and human communities.»

«As industrial production–hog, poultry, and the like–expand into primary forest, it places pressure on wild food operators to dredge further into the forest for source populations, increasing the interface with, and spillover of, new pathogens, including Covid-19.»

Xô mosca!!! disse...

E não é jà mais que tempo de a administração do blog 'ladrões de bicicletas'colocar o Jaime Santos de QUARENTENA no Observador????
O homem està carregado demais com o *chato virus* e, como se tal não bastasse,tem o "Disco" da "Caco-fonia" completamente estragado!

Figueiredo disse...

Ocultar uma crise económica com a disseminação de um vírus (Covid-19), por forma a impor medidas económicas, laborais, e jurídicas, que dificilmente seriam aceites pelos cidadãos é do mais escroque que pode existir.

E igualmente medíocre é servirem-se dessa mesma disseminação do vírus (Covid-19), para testarem e analisar em locais e transportes públicos ou nos locais de trabalho de empresas privadas ou públicas, tecnologia que em breve será parte do nosso quotidiano, ao mesmo tempo que realizam um gigantesco experimento social.

P.S.: Desembarcou na Europa um efectivo de mais de 20 000 militares do exército dos Estados Unidos da América do Norte (EUA) sem o consentimento dos cidadãos Europeus, para realizar o exercício militar «Defender a Europa 20» em conjunto com os seus aliados; agora falta saber do quê que a Europa se vai defender pois na cabeça doente destes psicopatas, ameaças e inimigos imaginários não faltam.

Saiba mais sobre o Covid-19:

- Pandemia “falsificada” do coronavírus COVID-19: linha do tempo e análise
https://www.globalresearch.ca/ncov-2019-coronavirus-time-line/5705776

- Trinta mil soldados vindos dos USA na Europa, sem máscara
https://www.globalresearch.ca/trinta-mil-soldados-vindos-dos-usa-na-europa-sem-mascara/5705352

- A pandemia de coronavírus COVID-19: o verdadeiro perigo é a “Agenda ID2020”
https://www.globalresearch.ca/coronavirus-causes-effects-real-danger-agenda-id2020/5706153

- Na Europa fechada pelo vírus, a União Europeia abre as portas ao exército USA
https://www.globalresearch.ca/na-europa-fechada-pelo-virus-a-uniao-europeia-abre-as-portas-ao-exercito-usa/5706041

Anónimo disse...

Hoje chegou a Itália mais um avião com ajuda sanitária da China.

Um exemplo de solidariedade e soft-power que eclipsa as palavras vazias da presidente alemã da Comissão.

Texto em francês:

https://www.dedefensa.org/article/litalie-ou-le-deshonneur-de-lue

Anónimo disse...

É interessante o artigo referido por José M. Sousa.
Há dias uma especialista em fito-sanidade e protecção integrada dizia-me algo semelhante: há uma forte possibilidade a considerar da manifestação do covid-19 no próximo inverno e com consequências potencialmente mais gravosas.

Anónimo disse...

A sugestão de Quarentena para o sr. Jaime Santos parece-me uma medida adequada. É mal-criado, não lava as mãos antes de mexer no teclado e lança muitos perdigotos.

Quem é que este senhor pensa que é para vir impor condições àquilo que se escreve ou discute no LdB.