terça-feira, 17 de março de 2020

A crise do euro está de volta?

Itália, Portugal, Espanha e Grécia voltaram a ver os juros da dívida pública disparar, tal como na última crise, depois das mensagens contraditórias de Lagarde sobre a atuação do BCE. Os desequilíbrios da zona euro não desapareceram, só que desta vez a política monetária já está próxima dos seus limites e Lagarde não é Draghi.

Por outro lado, da reunião do Eurogrupo saiu um comunicado tímido em que não se avança nenhum novo plano de investimento público coordenado entre os países, além da garantia de que os estabilizadores automáticos vão funcionar e de uma referência vaga à possibilidade de recurso ao Mecanismo Europeu de Estabilidade. Sem surpresas, é mais um exemplo de medidas demasiado curtas, demasiado tarde, às quais fomos habituados durante a última crise. Só que desta vez temos uma pandemia para juntar à recessão e as consequências são imprevisíveis.

No Financial Times, Wofgang Munchau escreveu ontem que "sem o apoio do BCE, mais italianos, não só na extrema-direita, vão perguntar-se se devem sair da zona euro e recuperar o controlo sobre as taxas de câmbio e de inflação. Os italianos têm motivos para se sentirem desiludidos com Lagarde e com a UE." O mesmo se aplica aos outros países periféricos, o que significa que o futuro do euro está, de novo, em risco. Veremos quem os responsáveis europeus vão culpar desta vez.

6 comentários:

PauloRodrigues disse...

Vão culpar o vírus, os refugiados, os Italianos, os Espanhois, os Portugueses e os Gregos.
Os euro-fofinhos percebem tanto de economia como o emplastro percebe de exposição mediática.

Jose disse...

Como sempre, muito se reclama por banhos de dinheiro público sem que se diga em concreto quais as consequências dessas medidas.
No caso,
entre obras públicas e restrições à convivência e às deslocações, importa avaliar o efeito
entre garantir salários e restringir despesas a alimentação e despesas gerais de instalação em quarentena
entre garantir juros, rendas e impostos inibindo quem os tem de pagar de obter rendimento

As questões são novas mas só se ouvem velhas soluções de relançamento económico ignorando as condições funcionais existentes.
Novas soluções são requeridas numa economia de guerra, em que os soldados estão, não nas trincheiras, mas em casa.

Geringonço disse...

PIGS (porcos)

Lembram-se desta expressão?
Esta foi a expressão que os tipos da comunicação social "rigorosa", os euro-fanáticos e o "mercado" chamaram aos países do sul da Europa para desviarem as atenções da porcaria que fizerem (fazem).

Como referiu Paulo Rodrigues, agora a comunicação social "rigorosa", os euro-fanáticos e o "mercado" vão ter que culpar alguém (não eles) pela porcaria da sua responsabilidade...

Vamos nós permitir que isto seja assim?

Anónimo disse...

A União Europeia corre o risco de arrastar os paises do Sul da Europa para uma crise
permanente.Por isso se começa a falar numa fedreação desses Países.

Álvaro disse...

Estou como o primeiro comentador. Já agora, vai sendo altura de os partidos da esquerda saírem com alguma iniciativa para disputar politicamente o que se passa. Ficarem calados nesta altura será um erro que se pagará mais tarde. O governo não pode continuar a agir como se a recessão que aí vem não exista e como se as pseudomedidas anunciadas impeçam as centenas de milhares de falências e despedimentos que estão no pipeline. É preciso ter uma atitude pombalina e agir.

Anónimo disse...

Entretanto do outro lado do Atlântico:

https://www.zerohedge.com/political/watch-live-white-house-holds-daily-coronavirus-task-force-briefing

Será verdade?