domingo, 30 de junho de 2013

Tomem duas notas


1. A chamada esquerda democrática saiu recentemente do governo grego. Resta saber se continuará a apoiar a desastrosa política do governo em “nome da Europa” e em nome da sua tentativa de sobrevivência político-eleitoral, já que, juntamente com os socialistas, seria merecidamente trucidada nas eleições. Sê-lo-á mais tarde, espero, quando uma esquerda que não esteja disposta a impor mais nenhum sacrifício pelo euro vencer. Em Portugal, os federalistas de esquerda devem tomar nota do que se passa na Grécia, até porque nos vemos gregos, embora a história política não tenha de se repetir.

2. Em França, a recessão está instalada e o círculo vicioso das pressões austeritárias também. O ministro da recuperação industrial que nunca chegará neste euro, Arnaud Montebourg, o da desglobalização com escala europeia, culpa a Comissão Europeia, o cherne, pela subida de uma Frente Nacional que, à sua maneira xenófoba, ocupa um terreno nacional que é popular e que foi deixado vago por grande parte da esquerda francesa entretida com fantasias europeias que só gerarão derrotas. Montebourg pode também culpar um PSF que deu um contributo decisivo para a integração europeia realmente existente. Enquanto a questão europeia não for enfrentada pelos socialistas, enquanto não perceberem que a integração foi, é e será o principal mecanismo de globalização neoliberal na Europa, enquanto não colocarem a alternativa nos termos de ruptura sugeridos, por exemplo, por Jacques Sapir, que de resto já expôs a incoerência do modelo de saída do euro sugerido pela FN, nada feito. Seguro será Hollande, mas na periferia, o que ainda é pior. Tomem também nota da tragédia europeia sem fim da social-democracia.

5 comentários:

Helder Salomão disse...

No segundo ponto não devia ser "ciclo" em vez de "circulo vicioso"?

João Rodrigues disse...

Já tive essa dúvida. Creio que é como está.

R.B. NorTør disse...

Torna-se um pouco irrelevante, uma vez que para o efeito as palavras representam o mesmo.

Desde a sua eleição que Hollande e o seu governo não passaram do menos mau de dois males (três se Madame Le Pen for tida em linha de conta). Aos poucos apenas se tem revelado a quem, por breves instantes, pensou que ele poderia (quereria?) mudar algo.

Noutro comentário revelei como o cancro maior da "integração" europeia é o Conselho, mas no que a críticas à Comissão se refere, infelizmente tenho de dar a mão ao Governo Francês: esta Comissão Barroso II é um belíssimo prolongamento do Conselho, onde mandam mais o "Otringeres" e "Renes" do que o homem que é suposto controlá-los.

menvp disse...

-> O endividamento em cima de endividamento... pode provocar crescimento... só que… um crescimento não sustentável, crescimento eng.-socratiano, APROXIMA-NOS DA BANCARROTA.
-> A austeridade pode provocar recessão... todavia, no entanto, com medidas de austeridade correctas… podemos estar a AFASTARMO-NOS DA BANCARROTA.
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-> Música para contribuinte-parvo: «AGORA É QUE VAI SER, AGORA É QUE VAI SER».
---> A conversa dos 'Políticos Carta Branca' (e de certos lobbys) é a mesma... à décadas: «agora é que vai ser, agora é que vai ser... com mais este novo endividamento é que vamos por o país a crescer de forma sustentável»... e... o país, eng.-socratianamente, a caminhar em direcção à bancarrota…
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--->>> O contribuinte não pode andar constantemente a correr atrás do prejuízo: BPN, PPP's, etc, etc, etc.
!!!...DEMOCRACIA SEMI-DIRECTA...!!!
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Dito de outra forma:
-> Não seja cúmplice dos 'Políticos Carta Branca': os políticos que querem carta branca para continuar a estoirar milhões e milhões em endividamento...
-> Apoia os 'Políticos Disponíveis para serem Fiscalizados' (pelo contribuinte): "O Direito ao Veto de quem paga".
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---> É uma 'regra' da democracia:
- Um ministro das finanças que dê abébias a certos lobbys tem a vida facilitada... pelo contrário, um ministro das finanças que queira ser rigoroso, tem de enfrentar uma (constante) tempestade política.
---> Mesmo depois de já terem sido estoirados mais de 200 mil milhões em endividamento... os 'Políticos Carta Branca' querem estoirar mais: eles continuam a falar em mais e mais despesa... “não enquadrada” na riqueza produzida!?!?!
-> Mais, para os 'Políticos Carta Branca' já se vislumbra uma luz ao fim do túnel: "implosão da soberania, ou o caos" - federalismo...
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---> Por um sistema menos permeável a lobbys, os 'Políticos Disponíveis para serem Fiscalizados' (pelo contribuinte) farão uma gestão transparente para/perante cidadãos atentos... leia-se, são necessários melhores mecanismos de controlo... um exemplo: "O Direito ao Veto de quem paga" (vulgo contribuinte): ver blog 'fim-da-cidadania-infantil'.

José Guinote disse...

Qual é o ponto de contacto que o João Rodrigues encontra entre a Esquerda Democrática, o Partido Socialista de Hollande e a social-democracia?