quinta-feira, 6 de junho de 2013
O debate
Ana Sá Lopes defende que discutir a saída do euro é muito bom, sendo aliás a única editorialista nos diários e semanários, tanto quanto leio, que o faz sem se socorrer da cada vez mais precária sabedoria convencional sobre a matéria: "Este é o grande debate nacional e aquele em que se deviam concentrar todas as energias - até porque é o único debate interno que pode verdadeiramente assustar a Europa." Quando escrevo este poste, as energias de dois ladrões de bicicletas estão concentradas a pedalar com outros num debate sobre o tema, organizado pela edição portuguesa do Le Monde diplomatique, o mensário que mais tem debatido o assunto. Na próxima semana, as energias de mais alguns ladrões também estarão concentradas a debater o mesmo assunto. Passados quinze dias pedalaremos até à margem certa para outra discussão sobre o mesmo: há vida para além do euro? O debate não pára. Estou convencido que debater abertamente só contribuirá para posições intelectualmente mais fundamentadas e politicamente mais acertadas.
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4 comentários:
Caro João
A história do "até porque é o único debate interno que pode verdadeiramente assustar a Europa" só faz sentido no contexto do permanente overshooting retórico (para não dizer descarada chantagem) com que os "pró-Euristas" fazem questão de nos brindar. Isto é: como resposta meramente defensiva ao tal overshooting.
A saída é para levar MESMO MUITO A SÉRIO, não é para fazer bluff, nem para conseguir manhosamente alguma possível vantagem circunstancial.
Que o Pires de Lima veja a coisa assim... seja. Deixe-o lá.
Mas à esquerda impõe-se outro nível de exigência e de autoexigência.
Caros Jooes,
Têm os dois razao!
Por um lado é verdade que esse é o verdadeiro debate que pode assustar. Esse facto, por si só, deveria levar a que se rodeasse de seriedade. É difícil, no actual clima da comunicaçao social, que isso ganhe mediatismo.
Por outro lado, queremos usar essa carta como bluff ou estamos já a caminhar para esse passo? Infelizmente chegámos aos dias em que o mais genuíno acto de europeísmo é pedir a implosao da "Europa".
João Carlos, inteiramente de acordo. Mas não me parece que o João Rodrigues também discorde. É certo que induz em confusão, mas ele estava a citar o artigo do i.
Não acredito em federalismos europeus, nem em solidariedade ou mutualismos. As diferenças culturais, económicas e históricas, nunca irão permitir que "alemães" paguem as faturas dos PIGS.
Deste modo a crise que se vai instalando, acabará inevitavelmente na saída do Euro da Alemanha (e seus amigos); ou na saída cadenciada dos países em dificuldades. De uma forma ou de outra, seguir-se-á a implosão do Euro, e de seguida o desmembramento da UE. Um cenário melhor do que o actual pântano.
É bom que Portugal se vá preparando para essa inevitabilidade. Os tempos vindouros serão muito mais difíceis que os actuais, mas há coisas que não se escolhem.
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