Criar uma nova cultura não significa apenas fazer individualmente descobertas ‘originais’. Significa também e especialmente difundir criticamente verdades já descobertas, socializá-las por assim dizer e fazer com que se tornem em bases de acções vitais, elemento de coordenação e de ordem intelectual e moral.
Volto a colocar aqui uma das minhas formulações preferidas de um dos meus pensadores preferidos, Antonio Gramsci. Este será o ponto de partida para discutir amanhã o livro mais “gramsciano” publicado entre nós nos últimos tempos (ver post abaixo), uma daquelas bem pensadas acções colectivas no campo das ideias que, para retomar os termos do fundador do PCI, assume que “não é a estrutura económica que determina directamente a acção política, mas a interpretação que dela se faz”. Como já defendi várias vezes noutros lugares, a resolução política de uma brutal crise socioeconómica, como aquela que atravessamos, nunca é evidente e depende sempre das interpretações e das soluções que se tornam hegemónicas nos campos intelectual e político e, logo, factor de mobilização ou de desmobilização cidadã. Este livro, ao desmontar várias ideias do senso comum neoliberal, contribui para a criação do tal bom senso igualitário e democrático, de que falam os organizadores na introdução. As observações críticas ficam para o debate…
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