Augusto Mateus é uma das Pessoas Muito Sérias de Portugal*. Ser uma Pessoa Muito Séria consiste em falar de “Competitividade” com Muita
Seriedade e em dizer que estamos onde estamos porque nos “cansámos”, porque não tivemos força de vontade para fazer com que estruturas da
integração europeia que não foram feitas para nós resultassem para nós. Ser uma Pessoa Muito Séria implica falar de vontade, de mentalidade e de sacrifícios que “todos” temos agora de fazer, de austeridade inevitável por todo o lado, até porque andámos a fazer demasiadas viagens e a comprar demasiadas “televisões fininhas”. O problema é a falta de seriedade da maioria, no fundo. É claro que as Pessoas Muito Sérias sabem que é preciso austeridade e crescimento também. Segundo um estudo Muito Sério para a fundação de outra Pessoa Muito Séria – as Pessoas Muito Sérias tendem a ter dinheiro a sério ou a trabalhar para quem o tenha – investimos muito na coesão e pouco na competitividade. Desculpem, na Competitividade. A minha única esperança é que este povo pouco sério recuse continuar a fazer força enquanto as Pessoas Muito Sérias continuam a gemer.
*A expressão “Very Serious People” foi popularizada por um economista pouco sério.
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14 comentários:
(A Fundação do Pingo Doce compra tudo e mais alguma coisa.)
O muito sério Augusto Mateus, no estudo que lhe foi encomendado pela dita fundação, chegou à espantosa conclusão que se delapidaram fundos estruturais, em auto-estradas a mais, estádios de futebol a mais, “formação” a mais…
Se alguém é responsável, e não é pouco, é ele, que foi ministro da economia! O que fez ele, além de andar convenientemente a dormir? Poupe-nos agora, com as suas “televisões fininhas” e recomendações.
" O hábito não faz o monge "
...foi a primeira coisa que me veio á cabeça, ao ler o texto de opinião.
Sempre que vejo personagens deste género
( ...algum dia, são mais q'ás mães!!! ),
fico a pensar na lata, desta malta que andou e anda no arco da governação...
Imagino que a frustração destas elites ( pseudo-competentes...), que metem
"pimenta no cu dos outros",
é não poderem usar o bode expiatório do costume...
Até parece que o passado,não tem nada a ver com eles!!!?
O mais curioso é esta empresa ser uma das principais responsáveis por estudos estratégicos de implementação dos sucessivos quadros comunitários e ninguém avalia o resultado dessa "estratégia" nacional.
Parece ser essa seriedade que lhe concede a impunidade para apontar o dedo às inércias que o mesmo ajudou a promover.
Claro está que os bloqueios de hoje, ainda há bem pouco tempo eram apresentados como o caminho para a prosperidade, tendo esta transmutação de significados resultado do modo "pouco sério" segundo o qual foram operacionalizados. Terá sido realmente assim que as coisas se passaram? Em parte penso que sim, mas será que as potencialidades de outrora não se apresentavam já como entraves?
Parece-me estarmos perante mais uma adaptação discursiva de alguém "que quer que as coisas mudem mas não quer a mudança".
Ora toma e vai-te curar Ó Mateus.!
De facto é só sérios... como aquela "coisa" que habita de vez em quando em Belém.
Não é esse que diz que está para nascer alguém mais sério do ele?
Isto só lá vai à vassourada!!
No outro dia passei ao lado dele e disse alto "Olha que parvalhão".
Pode ser que perceba o que realmente é.
Confirmem-me por favor: foi ou não este senhor que fez o estudo de viabilidade do aeroporto de Beja?
... e que "este povo pouco sério" seja o último a rir.
abraço
Meu caro João Rodrigues assino por baixo do seu texto. Engalinho desde sempre com a personagem. Recordo as inanidades que escreveu sobre o então Plano da Baixa Chiado e sobre o tipo de pessoas a quem se destinava. Tive oportunidade na altura, outros tempos, de escrever sobre essa questão no Público num artigo cujo título era Venda do Património do Estado: uma oportunidade para a Cidade e para os Cidadãos?(edição de 11.06.2006).
Talvez por isso e por tudo o mais que tem feito ao longo da sua "carreira" logo no dia 30 escrevi o que se segue no meu Facebook. "Mais um estudo do Pingo Doce. Desta vez faz-se o balanço dos 25 anos da adesão de Portugal à Europa. Autor da coisa o inefável e incontornável Augusto Mateus, autor de todos os estudos. Todos no sentido literal do termo. Pelo vistos o Estudo podia chamar-se "Semi/Frio barra Semi/Quente" em homenagem ao patrocinador da coisa.
Engalinho com a forma como Augusto Mateus utiliza o pronome pessoal na primeira pessoa do plural. Estamos, cansámo-nos, fizemos, desaprendemos, desistimos. Mas quem é que está, quem é que se cansou, quem fez o quê? De quem fala Augusto Mateus? Do CEO do Pingo Doce que paga o estudo? Dos funcionários públcos que são esmifrados dia após dia? Dos mais de um milhão de desempegados? Mateus parece que fala de um suposto português médio, a partir de cuja situação se poderiam avaliar as políticas seguidas e os seus resultados. Uma ficção muito confortável para quem paga o estudo, que, aliás, aproveitou a ocasião para esclarecer o povo que ele é, afinal, um português cuja riqueza - que não é nossa, mesmo que Mateus diga o contrário -foi construída com muito trabalho. Aqui talvez Augusto pudesse ter dito que foi construída com o trabalho de muitos de nós. Com muita propriedade por uma vez, não fora isso ser impossível num estudo semi-quente/semi-frio .
Este é um bom exemplo(ou será mau.!?) do que são as elites deste país.
Por isso é que o nosso país está bem entregue (muito bem entregue, não há dúvida !) a esta gentalha.
Que feliz post! É isso mesmo. Este sermão: tiveste culpa, compraste coisas a mais, i.e. "viveste acima das tuas possiblidades", tens de empobrecer (comer menos bifes..) e: trabalhar a "sério", emigrar, ou morrer depressa! Não dá para ver que a gente (a grande maioria dos portugueses - há excepções, claro) não aguenta tanta violência?
Fantástico! Concordo integralmente
http://www.oesteonline.pt/noticias/noticia.asp?nid=18235
A empresa Augusto Mateus e Associados, Lda, está a elaborar seis planos estratégicos no país. Para além do Oeste, a equipa do ex-ministro da Economia está a trabalhar em planos para o Médio Tejo, Norte Alentejano, Litoral Alentejano, Baixo Mondego e Pinhal Interior Sul. Estão também a elaborar uma estratégia de desenvolvimento para Santarém, com vista aos fundos do QREN.
Trabalhar em tantos planos ao mesmo tempo “dá muito trabalho”, diz Augusto Mateus. Porquê? Porque “não se pode dizer a mesma coisa em sítios diferentes”. O especialista garante que estão a fazer planos concretos e não com generalidades. “Isso é muito desafiante do ponto de vista intelectual. Em vez de dizer generalidades, sou obrigado a trabalhar”, afirmou. É fácil dizer que as regiões devem ser competitivas e atractivas, mas o grande desafio é saber como é que isso se faz.
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