Já é famosa a conversa entre dois quadros do Anglo-Irish Bank em que, em amena cavaqueira sobre o resgate público ao banco falido, um deles afirma ter “tirado do rabo” o valor a pedir ao Banco Central Irlandês – 7 mil milhões de euros. Entretanto a contabilidade criativa não é exclusiva dos irlandeses. Hoje soubemos que o défice públic do primeiro trimestre é de 10,3% do PIB (anualisado), mas que não nos devemos preocupar com isso. Parte dele, 700 milhões, não vale nas contas para a troika. E, como não conta, é como se não existisse. Já os cortes inconstitucionais contaram a dobrar, se observarmos o valor crescente estimado para os cortes na despesa nos próximos anos.
Mas a contabilidade criativa não fica por aqui. O acontecimento da semana foi o anúncio em relação aos mil milhões pagos à banca devido aos exóticos instrumentos financeiros contratados por empresas públicas. “Descobriram” uns contratos – certamente também exóticos – no instituto público que gere a dívida, o IGCP, cujos ganhos (potenciais?) compensam estas perdas. Que sorte, hein? Que contratos são estes? São todos de valor positivo? A que desconto foram finalizados? (só assim se explica o acordo da banca) Afinal há dinheiro?
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