Paulo Baldaia, director da TSF, teve o seu momento Monty Python, quando, no programa Bloco Central, criticou o manifesto dos 70 por, e cito (de memória), Portugal ousar defender a reestruturação sem dar nada em troca aos seus credores.
Num remake do what have the romans ever done for us, podemos reformular o que disse Paulo Baldaia do seguinte modo:
● Tirando não ter entrado em incumprimento desordenado, o que evitou o colapso do sistema financeiro dos países credores;
● Tirando ter assinado o two pack, o six pack, o Tratado Orçamental - um conjunto de reformas que a Alemanha e os países credores exigiram - e estar comprometido com um projecto que, na sua essência, beneficia estruturalmente os países credores em desfavor das economias mais fragilizadas do sul...
... o que é que Portugal (e a chamada periferia) já fez pelos países credores?
Paulo Baldaia tem toda a razão: tirando isso tudo, o manifesto não dá (mais) nada aos credores, apenas ousa pedir que nos dêem condições para sair do atoleiro em que estamos metidos.
14 comentários:
Mas alguém houve um comissário político a fazer de conta que faz jornalismo?
Semana após semana a entrevistar banqueiros e ajudantes de merceeiros?
"... atoleiro em que estamos metidos." Atoleiro porquê? Ninguém ainda demonstrou que dívida acima dos 60% do PIB (esse número mágico que ninguém sabe de onde surgiu) é prejudicial ao crescimento (o João Galamba é capaz de referir estudos? O de Reinhart e Rogoff não vale!).
Em vez de se preocuparem com dívidas e reestruturações os signatários do Manifesto deviam era reavivar o outro manifesto sobre a necessidade de investimento público (a começar pela construção do novo aeroporto de Lisboa e do TGV)!
Diria eu ao anónimo das 14h27 que lesse anos e anos do Ladrões de Bicicleta.
Se de cada vez que algum dos autores fizesse uma afirmação tivesse de ir provar o que já referiu dezenas de vezes e provou outras tantas, bem fodidos ficavam.
A única coisa que a crise trouxe de bom, foi parar a doideira de um aeroporto na melhor terra agrícola e ecológica nacional, e logo quando o tráfego da aviação só tende a diminuir, com preços de combustível e crise.
Sugestão de carta a enviar aos nossos credores para renegociar a dívida.
"Caro credor,
Vimos por este meio solicitar a redução da dívida contraída junto de Vossa Excelência para que nos possamos rapidamente voltar a endividar para relançar o investimento público, acabar com a austeridade e enveredar assim pelo crescimento económico. Desta vez prometemos que é a sério.
Com os melhores cumprimentos
Governo de Portugal
P.S.: Por favor, vá lá!"
O manifesto é um bolsar típico das 'elites' indígenas, que só se juntam para proclamações mediáticas inconsequentes e que em tudo mais cava diligentemente o seu nicho individual de pretensa originalidade, que tipicamente constrói pela contestação de tudo o que pareça ser o senso-comum!!!!
"Um conjunto de reformas que a Alemanha e os credores exigiram" e os socialistas miseravelmente aceitaram... Fossem todos para a Troika que os pariu!
O que é divertido é a preocupação obsessiva que o Paulo Baldaia e tantos outros têm com os interesses e os humores dos credores. E que tal preocuparem-se por uma vez com os *nossos* interesses?
Os credores já são crescidos e saberão certamente velar pelos seus interesses nas negociações para a reestruturação da dívida. A mim o que me preocupa é ter alguém do nosso lado que defenda os interesses do povo português e o futuro social e económico do pais nessas negociações. E isso nenhum credor, melhor ou pior humorado, o fará por nós.
Com a devida licença transcrevo um comentário de um anónimo:
"Se de cada vez que algum dos autores fizesse uma afirmação tivesse de ir provar o que já referiu dezenas de vezes e provou outras tantas, bem fodidos ficavam."
Isto a propósito do comentário de um outro anónimo,das 15 e 16, que dá num espírito pretensamente jocoso a resposta "limitada e tola" que os troikistas mais primários usam.
Basta consultar o acervo deste Blog. Ou se se quiser o historial das relações entre credores e devedores.Ou se se quiser ir um pouco mais longe, consultar um manual de História.
Vá lá,não custa muito e evita-se tais figurinhas.
De
Fia mais fino o comentário de um tal joseg em que qualifica o manifesto como um "bolsar das elites indigenas" etc e tal.
Para além de pessoalmente considerar o manifesto como tardio, como incompleto, como subscrito nalguns casos por pessoas que têm responsabilidades acrescidas pela presente situação,considero-o um documento importante.
Por isso considero perfeitamente desajustado o modo e a forma como josé se debruça sobre a questão.Como se ele, josé procurasse um argumentário assente no insulto e em juízos ocos (porque sem fundamentação), para conter todas as possíveis vozes críticas ao governo neoliberal extremista de passos coelho.
Ou seja, poder-se-ia com alguma legitimidade dizer que estamos perante uma voz do dono a trabalhar contra quem se atreve a contestar a voz do dono.
Convenhamos que é feio.E muito
De
Pois Pedro, mas não se esqueça que a defesa dos interesses dos credores não é inocente. Haverá quem a defenda por convicção, seguindo o argumento moral de que temos sempre que pagar as nossas dívidas até ao último cêntimo. Sucede que o contracto de dívida abre a possibilidade de incumprimento (implica risco, quem não o quer correr não deve investir em dívida, abre antes um depósito a prazo), de outro modo não faria sentido pagar o respectivo prémio, que pode, por exemplo, ser utilizado para comprar uma opção (seguro) contra o default de dívida (o que faria perder o diferencial que se ganhou relativamente a uma aplicação segura, claro). Portanto, esse argumento é ingénuo... Ora, se não for por convicção, é por interesse... E a quem interessa que se esmifre o povo para pagar a dívida? Aos credores, evidentemente... Aos estrangeiros (que estão fartos de saber que Portugal vai reestruturar, veja a entrevista de Helmut Schmidt em Dezembro ao Bild, por exemplo) mas também aos nacionais, a saber os bancos... E qualquer renegociação da dívida vai deixar ainda mais à mostra a triste situação da nossa banca... Daí o 'Aguenta, aguenta' do Ulrich. É que se não aguentamos nós, quem não aguenta é ele... Claro, ele sabe que tarde ou cedo vai pagar o pato (na realidade, quem o vai pagar são primeiro os accionistas e depois os depositantes), mas quanto mais tarde melhor... Naquilo que eu discordo seja da Direita e Esquerda institucionais (onde se incluem muitos dos subescritores do Manifesto) é que a Alemanha e quejandos se preste a fazer de 'Deus ex Machina' para nos tirar deste atoleiro. Até porque eles próprios têm problemas que cheguem, a começar pelo triste estado dos seus bancos (e o João Galamba tem toda a razão quando diz que a transferência de parte da dívida nas mãos desses bancos para o Fundo Europeu ou a sua renacionalização, por exemplo por via da sua compra pelo Fundo da Segurança Social, foi um grande favor que lhes fizemos). Mas isso não é uma razão para não termos com eles uma posição de firmeza, bem pelo contrário...
tirando os 240 mil milhoes que vindos da UE que alguns dos ditos do manifesto ajudaram a torrar realmente estamos apenas empenhados até as orelhas sem ajuda dos sanguessugas da UE.
Foi numa sexta-feira 13, em Abril de 2012, que a Assembleia da República aprovou o Tratado Orçamental - um tratado que impõe, na prática, a austeridade perpétua. Quase todos os deputados do PS votaram a favor, e o João Galamba foi um deles.
Anónimo das 22:34: Olhe que não, olhe que não!
Notícia da agência Lusa na sexta-feira 13 a que o comentário das 22:34 se refere:
"A Assembleia da República aprovou hoje as duas propostas de resolução para a ratificação do Tratado que cria o Mecanismo Europeu de Estabilidade e do Tratado sobre Estabilidade, Coordenação e Governação na União Económica e Monetária.
Os dois novos tratados europeus foram aprovados com os votos a favor dos deputados do PSD, do CDS e do PS, a abstenção dos deputados socialistas Pedro Alves e Rui Cordeiro (os dois da Juventude Socialista) e os votos contra das bancadas do PCP, BE e Verdes.
Por outro lado, a Assembleia da República rejeitou três iniciativas do BE, PCP e PEV para a realização de referendos sobre os pactos orçamentais europeus. Votaram a favor os deputados destes três partidos, mas as propostas foram rejeitadas com os votos contra do PSD, CDS e PS."
[http://sol.sapo.pt/inicio/Politica/Interior.aspx?content_id=46667]
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