sábado, 29 de março de 2014
No Portugal das expectativas pequenitas
No Portugal das expectativas cada vez mais pequenitas, o nosso país no Euro, qualquer recuperação, por mais tímida que seja, é sempre mais valorizada do que a mais forte destruição anterior. Esta assimetria só significa que o declínio e o desemprego de massas fazem parte do regime económico nacional, sobredeterminado pela arquitectura europeia, com que corremos o risco de nos conformar politicamente, sobretudo na ausência de alternativas reais com força.
A recuperação actual assenta exclusivamente na procura interna, até porque o crescimento do consumo privado tende a fazer aumentar as importações e a procura externa liquida deixa assim de funcionar como motor do que quer que seja. Lá se vai o pensamento mágico da transformação estrutural por via da desvalorização interna.
Vários economistas europeus, de resto conservadores, com excepção de João Ferreira do Amaral, assinaram um artigo a defender o desmantelamento do Euro, identificando precisamente o dilema que marca o nosso destino nesta Zona: “ou as economias mais fracas da Zona Euro expandem em linha com o potencial produtivo e incorrem em défices externos ou aplicam a austeridade, eliminando os défices”, mas com custos elevados em termos de potencial produtivo.
A proposta de desmantelamento organizado da Zona Euro já antes formulada, entre outros, por Oskar Lafontaine, parece-me generosa. Neste contexto, noto que João Ferreira do Amaral afirmou ao Negócios o seguinte: “O que me parece importante é que Portugal saia da Zona Euro de forma unilateral se for necessário, ou em conjunto se isso for possível”. A disponibilidade intelectual e política para fazer o que é necessário pode bem aumentar o campo do que é possível.
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5 comentários:
Todos os sete co-autores do artigo citado estão também entre os subscritores (vinte, até hoje) de
um "European Solidarity Manifesto"
divulgado em finais de Janeiro de 2013
[http://www.european-solidarity.eu].
Entre os subscritores desse manifesto, encontramos mais gente de esquerda: Jacques Sapir, Costas Lapavitsas, Alberto Bagnai. A estratégia proposta no manifesto é
assim formulada:
"Our view is that the strategy that offers the best chance of saving the European Union, the most valuable achievement of European integration, is a controlled segmentation of the Eurozone via a jointly agreed exit of the most competitive countries. The euro may then remain – for some time – the common currency of less competitive countries. It would ultimately mean a return to the national currencies or to different currencies serving groups of homogeneous countries. This solution would be an expression of European solidarity. A weaker euro would improve the competitiveness of southern European countries and help them escape recession and return to economic growth. It would also reduce the risk of banking panic and the collapse of the banking systems in the countries in southern Europe, which would occur if they were forced to leave the Eurozone or decided to do so due to internal public pressure prior to an exit from the Eurozone of the most competitive countries.
European Solidarity would be additionally supported by agreeing on a new European currency coordination system aimed at preventing currency wars as well as excessive currency fluctuations between European countries.
Obviously, at least in some of the southern countries, debt reduction (haircut) would be necessary. The scale of these reductions and the costs to creditors would be smaller, though, than in a situation where these countries stayed in the current Eurozone and their economies suffered below-potential growth and high unemployment. In this way, the exit from the Eurozone does not mean that the most competitive economies will not bear the cost of diminishing the debt burden of the countries in crisis. This will happen, however, in circumstances in which such assistance would help them to return to economic growth, as opposed to the current bailouts, which lead us nowhere."
Uma admissão
http://resistir.info/europa/sapir_admissao_23mar14.html
Um artigo bastante interessante de Sapir
De
A par de grandes manifestos contra o empobrecimento advoga-se uma saída do euro que significa pura e simplesmente um empobrecimento abrupto e violento.
A conclusão possível é que empobrecer é inevitável, a questão é saber qual o método a adoptar.
Aqueles que cobardemente colocam a Constituição como obstáculo ao empobrecimento, estão dispostos a torná-la inútil pela aventura da saída do euro.
A irritação e crispação de jose a tudo o que não siga os ditames neoliberais torna-se sumamente característica duma forma de pensar,de agir e de tentar condicionar a discussão e o debate.
Jose não pode também querer que a discussão se inicie consecutivamente sempre que ele faz uma afirmação que já teve aqui neste blog a devida contestação.Que ele saia da sua zona de conforto, como aconselhado pelo seu mister, e que se deixe de derivativos.
Porque a questão que jose resume como possível só o é na cabeça dele.Que há muitos obstáculos à saída do euro e que tal apresenta inúmeros riscos são factos.Mas é, segundo cada vez mais autores, a única saída para fugir ao empobrecimento duradouro e sem perspectivas que os neoliberais de turno querem amarrar o país.
Quanto à cobardia ela vem do lado oposto ao apontado pelo Jose.Deriva de quem obedece de forma cega e surda aos mercados e se curva a estes daquela forma características dos invertebrados.
A referência à Constituição é apenas mais um indicador do respeito pelos princípios democráticos que norteia tal gente
De
Ficar no euro é empobrecer.
É condenar o país à recessão permanente e continuar a promover as políticas que nos levaram a esta situação.
Importa sair do euro para que a economia possa voltar a crescer e evitar que o país se possa voltar a endividar.
Quem defende o euro está a defender a miséria e a fome.
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