quinta-feira, 27 de março de 2014

Sempre a ajudar

“Se alguma vez chegarmos ao ponto de ter de estabilizar a Ucrânia, retiraremos muitas experiências da Grécia”, diz Wolfgang Schauble. A Grécia é então o modelo para quem manda a ocidente e diz querer estabilizar, segundo a Bloomberg. E ainda há quem apele ao que chama de ajuda por parte de uma UE que tratou logo de assinar acordos com um governo ucraniano dotado de “legitimidade revolucionária” (aspas, notem), com fascistas e tudo a tomar conta do aparelho de Estado, mas sem legitimidade democrática (sem aspas, notem). Entretanto, o FMI também já lá está quase, em linha com os interesses de quem nele sempre mandou. Juntos, FMI e UE, representam a condicionalidade dos empréstimos que se avizinham, ou seja, a austeridade brutal feita de aumentos de preços de bens essenciais, como o gás natural para aquecimento, e de quebras de rendimentos. Diz-se que agora é uma boa altura para fazer isto porque já estamos na Primavera e as temperaturas subiram. O tempo está bom para cobrar o que um analista, citado no Financial Times, designou como o “preço da liberdade”. Enfim, será preciso muito idealismo para ofuscar a realidade do elevado preço que os povos pagam pela lógica do imperialismo e das suas rivalidades.

9 comentários:

Dias disse...

O FMI e a União Europeia (que está definitivamente do lados dos abutres) não perdem tempo, legitimado que está o golpe…Só há uma coisa que os “sábios” não consideraram legal: um referendo na Crimeia.
O dinheiro dos salários e pensões está prestes a mudar de mãos, o preço do gás vai aumentar antes de ser abarbatado. Sempre a ajudar!

p.s. Nunca é demais lembrar que na Ucrânia e na Venezuela os manifestantes são chamados de activistas; na Grécia e em Portugal serão apelidados de arruaceiros, radicais e extremistas.

Jose disse...

As 'virgens políticas' sempre me irritam, sejam de esquerda sejam de direita.
Mas em toda a cena da Ucrânia as virgens de esquerda abrem as pernas ao Putin com um descaramento que só o sonnho húmido da URSS alado ao horror à democracia política pode justificar.
Quanto à aprendizagem na Grécia, ela é muito clara: uma classe política corrupta só pode ser tratada 'a pau' por muito que a sua clientela zurre e apesar do sofrimento dos inocentes.

R.B. NorTør disse...

E ainda falta explicar em que é que a Crimeia difere do Kosovo...

Anónimo disse...

Parece-me os Ucranianos vão a muito trecho perceber que o "sonho europeu" não passa de um pesadelo.

Depois é vê-los a correr para os braços do Putin.

Anónimo disse...

Os sonhos húmidos de jose são uma ocisa que só a ele dizem respeito.
Mas o tema parece que o apaixona.Passa dos doutoramentos sobre o sexo das lagartixas para as virgens e as pernas abertas.
Uma nulidade convenhamos.Mas que se torna mais problemátca quando fala em tratar a pau quem quer que seja (esta mania dos Safanões a Tempo") demonstrativa do conceito de democracia do referido comentador e da tentativa patética de inocentar os grandes interesses do capital por trás daquela referida "classe política" que tão bem o representa.
O mais do resto é a cassete habitual dos "eixos do mal" tão em voga por parte dos extremistas do tea party.O que convenhamos para gente crescida e informada já não cola.
De

Um judeusito disse...

Wolfgang Schauble é o ministro das Finanças da Alemanha. Foi Reconduzido pela Merkel.

E Wolgang, fala como se mandasse de facto, quer na Grécia, quer na Ucrânia.
E como quem manda, é ele que diz que vai retirar ilações... não são os Ucranianos, ou os Gregos (ou os Portugueses, já agora, né? )

Quanto às ilações que retirou até agora da Grécia, ele sempre defendeu o seu empobrecimento.

Jose disse...

A defesa do empobrecimento: o que há de estranho que um país seja colocado na posição de viver com o que produz mais o que lhe possam dar em ajuda externa, ONGs e remessas de emigrantes?
Subjaz a ideia da responsabilidade dos credores em terem possibilitado um enriquecimento pela via da dívida, responsabilidade que é alargada à manutenção do bem-estar alcançado!

Anónimo disse...

O neoliberalismo com a desregulamentação dos fluxos de capitais é que permitiu que diversos países se endividassem excessivamente perante o exterior.

O neoliberalismo é que é contra os controlos de capitais.

Pois bem, sem controlos de capitais os países ficam muito mais expostos aos humores dos credores.

Quando a coisa corre bem não há problemas.

Depois quando aparecem os problemas lá têm de chamar o FMI para fazer um bail in aos credores.

Por isso mesmo é que importa rejeitar o neoliberalismo e a suas ideias caducas sobre política económica.

Anónimo disse...

O que verdadeiramente subjaz à ideia de alguns é a submissão mansa, obediente, venerada, pusilâmine, cúmplice, ideológica ou conivente com os credores.Sem questionar como se originou a dívida,quem a originou, os meios pela qual se originou, os processos, as condições dessa dívida...

A defesa da legitimidade do empobrecimento do país é agora voz corrente entre os neoliberais que nos governam e que adoptou novos tons pela boca de Vitor Bento.Resquícios salazarentos que também tentam esconder o modo como é feita a distribuição da riqueza. E que nos aprisionam a um destino servil e muito adequado para alguns, precisamente os que lucram com tal estado de coisas.
De