“Quem manda é o povo e não as elites que nos governam.” A frase de André Ventura, qual mantra, serve para todas as estações e eleições desde que o Chega foi fundado, em Abril de 2019. Mas certas elites empresariais e financeiras não fizeram caso disso, nem o apoio e simpatia pelo Chega nessas áreas é novidade. Já a dimensão e variedade, talvez. Os donativos oficiais de membros dos clãs Mello e Champalimaud, de João Bravo (líder na venda de armas e equipamento militar ao Estado), de Miguel Costa Félix (imobiliário e turismo), e de Jorge Ortigão Costa (grupo Sogepoc) superavam, pelo menos até meados de 2022, 40 mil euros. No mesmo período, Salvador Posser de Andrade (Coporgest, imobiliário, antigo vice-presidente do Chega), a família Pedrosa (grupo Barraqueiro) e o empresário de transportes José Paulo Duarte, transferiram perto de 19 mil euros.
Excerto da excelente reportagem de Miguel Carvalho sobre os novos fascistas lusos, perfeitamente alinhados com a história da economia política internacional desta tradição. Miguel Carvalho já tinha feito outras reportagens no mesmo registo competente, factual e de análise, dando-nos a ver momentos de consolidação das mais importantes redes sociais deste partido, sem as quais a acção nas outras redes, também chamadas sociais, nunca teria a mesma eficácia, até por falta de recursos.
Por exemplo, a 18 de Junho de 2020, numa quinta em Loures, como relatou uma investigação sua, foi servido um belo repasto a «seletos convidados», que «pesam muitos milhões na economia nacional e até além-fronteiras»: reuniram-se para conspirar com o deputado do Chega André Ventura; a questão do financiamento deste partido não terá estado naturalmente ausente. João Bravo foi o anfitrião. Este capitalista com negócios nas áreas da defesa, da segurança e dos incêndios, necessariamente entrelaçados com o Estado, afiançou: «desde 1974 que o País se afunda».
Entretanto, se a economia política do Chega tem tido algum escrutínio competente, os liberais até dizer chega, tão ou mais perigosos, têm passado relativamente incólumes na comunicação social. E, no entanto, é necessário seguir o dinheiro que alimenta a IL. Já são muitos os factos sobre os seus financiadores, tal como coligidos pelo Esquerda. Tenho formulado uma hipótese que creio ser plausível: o stink-thank menos liberdade é um veículo para o financiamento da IL à margem da lei. Só o principal financiador do Observador, Luís Amaral, deu-lhes 217 mil euros, em 2022.
As conclusões impõem-se como factos brutos neste contexto de maciços financiamentos: Chega e IL são duas faces da mesma moeda, emitida pelas frações mais reacionárias do capital. É uma má moeda que entrou em circulação política, graças a Passos Coelho e ao PSD. A estratégia é sempre a mesma: trata-se de comprimir o salário direto e indireto, também por via da destruição do Estado social.
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