Michal Kalecki resume bem a questão explicando que o planeamento era central para ambos os blocos da guerra fria, mas subordinado aos interesses particulares de determinados agentes (políticos ou empresariais), sendo o desafio conseguir um planeamento democrático, sujeito ao escrutínio público.
Sem alguma forma de planeamento, será difícil que a acção de múltiplos actores económicos leve a uma dinamização dos sectores económicos que tenha em conta as interligações do sector produtivo necessárias para uma estratégia de desenvolvimento articulada, e que resolva os actuais desafios sociais dentro dos limites ecológicos.
O facto da teoria económica focar-se quase exclusivamente nos mecanismos de mercado, enquanto forma de distribuição do que é produzido, leva a que se negligencie o sistema produtivo que sustenta essa distribuição, e as interligações tecnológicas que condicionam os efeitos de qualquer política de desenvolvimento.
Esta negligência, além de tornar opaco o processo de desenvolvimento, tem também implicações éticas. Pois torna-se difícil, se não impossível, haver consciência ética num contexto em que não conhecemos a cadeia de produção do que consumimos, e os seus impactos sociais e ecológicos.
Nuno Ornelas Martins, O planeamento em Economia, Jornal Económico.
1 comentário:
eu, sobre planeamento, o melhor livro que alguma vez li foi "Planning in ten words or less: a Lacanian entanglement with spatial planning" que descobri na biblioteca da Universidade de Aveiro: http://opac.ua.pt/cgi-bin/koha/opac-detail.pl?biblionumber=251476
dinamitou-me, em boa hora, umas quantas ilusões. senti-me grato.
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