A foto da Ferreira Borges é anterior ao que é relatado, mas ainda me lembro dos elétricos desaparecidos.
Desde os quinze ou dezasseis anos que andava para o fazer, mas acabava por adiar. O meu pai dizia para adiar e ele tinha sido militante. Eu era mesmo muito tímido na altura, o que não ajudava. Finalmente, depois de fazer dezoito anos, a 22 de agosto de 1995, lá me decidi. Andei para aí uma hora à volta da sede, que na altura ficava na Rua da Sofia. A certa altura lá subi as escadas a correr e disse à primeira pessoa que vi e que por acaso foi Jorge Gouveia Monteiro, na altura responsável da organização de Coimbra: quero inscrever-me na JCP.
Com simpatia, levou-me para uma sala, preenchi a ficha, estava uma reunião de campanha a decorrer, fez as apresentações, tinha passado menos de uma hora e já estava na Ferreira Borges a distribuir panfletos. Não custou nada, atentai. Cruzei-me por acaso com a minha mãe e irmã, a quem não tinha dito nada, na altura ainda se ia muito à Baixa. Fiquei atrapalhado, confesso. Sorriram e desejaram-me boa sorte.
A certa altura, acho que já estávamos a ficar sem panfletos, passa Mário Tomé, a fazer campanha pela UDP: “não estamos com a CDU, porquê?”, atirou de forma provocadora, com aqueles olhos e sorriso generosos. Lá dei a linha, eu dava bem a linha, era leitor do Avante e do Militante há anos. Convidou-nos para lanchar numa esplanada e lá fomos alguns jovens. Sempre admirei Mário Tomé, pela paciência e fraternidade daquele momento e não só, claro.
Tudo isto para dizer: ide a uma sede de um partido de esquerda. Nem sequer precisais de pedir ficha. Ide por este independente, ide fazer campanha, distribuir panfletos e assim. Há encontros que só fazem bem à moral e ao pessoal.
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