Esta quarta-feira, dia 28 de fevereiro, na Casa da Cidadania da Língua (antiga Casa da Escrita), na alta de Coimbra, pelas 17h, eu e Vera Ferreira estaremos a debater, com Vladimiro Vale (PCP) e Miguel Martins (PEV), alterações climáticas e políticas de ambiente em múltiplas escalas: da local à internacional.
Por aqui e pelo setenta e quatro, Vera Ferreira tem escrito muito e bem sobre estes temas – da política do BCE que não é verde à defesa de que não há transição ecológica sem a classe trabalhadora.
Pela minha parte, vou partir destes dois livros, que já usei aqui e ali. De Pierre Blanc, reterei uma ideia forte – “A resposta que pode ser dada à degradação por vezes violenta do estado da natureza depende, em última instância, da natureza do Estado”. De Anatol Lieven, recuperarei o que escrevi em O neoliberalismo não é um slogan:
Anatol Lieven é um dos raros estudiosos de relações internacionais que têm precisamente considerado as questões ambientais, sobretudo na sua vertente mais ameaçadora, a das alterações climáticas, como a principal ameaça à segurança que os Estados nacionais terão de enfrentar, considerando que só estes podem ter a capacidade e legitimidade para superar o maior fracasso dos mercados da história.
Argumenta que o enquadramento da segurança nacional, assente no compromisso intergeracional de preservação de um território concreto, permitiria mais facilmente gerar consensos duradouros, indispensáveis para o esforço de planeamento que é necessário para mudar de forma deliberada e consistente a trajetória das economias, ao mesmo tempo que a repartição dos sacrifícios seria facilitada pelo sentido de missão coletiva de que só os Estados são capazes.
Sendo necessários, a cooperação e os acordos internacionais estão sempre dependentes dos Estados, e estes podem e devem ir para lá das soluções políticas neoliberais de construção de mercados, assentes na emergência de preços para as emissões de gases como o dióxido de carbono, favorecidas pelas instituições internacionais, como a União Europeia.
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