Em todos os debates entre o líder da AD, da IL ou do Chega e o/a líder do PS, do BE ou do PCP, quando se fala de SNS, o representante da direita usa sempre o exemplo da Alemanha para defender um ainda maior recurso aos grupos privados de saúde em Portugal.
A razão é simples: na Alemanha a maioria dos hospitais são privados. Como existe a noção de que a qualidade dos serviços de saúde naquele país é elevada, a direita tenta convencer-nos que privatizar ainda mais a saúde seria bom para o Portugal.
O que se esquecem sempre de dizer é que o Estado alemão gasta muito mais em saúde do que o português (10,9% do PIB contra 6,7% em 2022, segundo a OCDE – ver gráfico). Isto tem efeitos práticos. Por exemplo, são mais 20% de médicos e mais 25% de enfermeiros por mil habitantes, para além do nível de cobertura da rede de cuidados. Ou seja, a saúde na Alemanha é melhor porque há muitos mais recursos públicos disponíveis (em percentagem do PIB e ainda mais em termos absolutos).
Apesar desta diferença radical de recursos públicos afectos ao sector, os resultados na saúde da população, de uma forma geral, são menos positivos na Alemanha do que em Portugal (a esperança de vida é mais baixa, há mais mortes por doenças relativas ao aparelho circulatório por mil habitantes, etc.).
Ou seja, o sistema alemão sai muito mais caro e não produz melhores resultados globais. O SNS português faz mais com muito menos dinheiro. Ou, em palavras de economista, é muito mais eficiente. Imaginem só o que seria o SNS português se pudesse contar com os recursos públicos que a esquerda há muito reivindica.
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