Para aqueles que teimam em subestimar o efeito potenciador da arquitectura da Eurozona na crise que hoje vivemos, recordo um texto do Prof. João Ferreira do Amaral publicado aqui.
Este parágrafo é um convite à leitura do texto na íntegra:
"Mesmo antes da crise, a zona euro teve um desempenho muito longe do satisfatório. De facto, o crescimento económico desde a realização da moeda única foi medíocre (pouco mais de 2% ao ano), o desemprego manteve-se sempre em níveis elevados (em média 9% da população activa), algumas das economias foram acumulando défices cada vez maiores em relação ao exterior, etc. Para um projecto que anunciava uma nova era de progresso para a Europa, a moeda única constituiu uma desilusão indesmentível. Maior desilusão ainda quando se verificou que nem sequer poupou a Europa à crise actual e que, pelo contrário, terá provavelmente agravado os seus efeitos. Porque foi a crise que revelou as fraquezas mais nítidas deste enquadramento institucional."
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7 comentários:
«O crescimento económico desde a realização da moeda única foi medíocre (pouco mais de 2% ao ano)»
O que em oito anos no caso português (desde 2002), dá um crescimento económico de 117%. Nada mau, não é verdade?
O que é afinal o «crescimento económico»? Os ladrões de bicicletas saberão explicar?
a moeda europeia é uma realização admirável
a falta de coesão na europa dos anos 20 e 50 originou flutuações muito maiores nas moedas nacionais
e ataques a uma presa mais fácil
tem os seus problemas
mas sem euro...
Não se trata de subestimar o efeito potenciador da arquitectura da Eurozona mas de procurar a origem da situação limite em que as finanças de Portugal estão hoje.
As instituições do Euro até podem justificar o baixo crescimento na Europa e o desemprego. Não me parece que se possa ignorar o efeito da China e de outros países emergentes no mesmo período.
Mas a questão central é saber como é que só agora um primeiro ministro descobre que afinal tinha que fazer uma inversão total à sua política. Os défices de 9% não foram para acorrer aos bancos (como na Irlanda) nem vêm de muito atrás (como na Grécia).
Para onde está a ir o dinheiro, ou como está a ser gerido, para ter um efeito imperceptível no crescimento? E o primeiro ministro não sabia que a trajectória era insustentável? Estava à espera de um milagre?
Faz sentido andar a reduzir os ordenados que há pouco aumentou, a aumentar os impostos que há pouco reduziu e a retirar os benefícios sociais que há pouco serviam para combater a crise?
Centrar a atenção na questão ideológica e ignorar esta questão básica de gestão financeira e de saber viver com a realidade em que se está inserido parece-me um óptimo serviço ao governo e a todos aqueles que têm conseguido negócios fabulosos por intermédio do governo.
Em contrapartida trata-se de um péssimo serviço àqueles que mais precisam de solidariedade e que obviamente são as primeiras vítimas no momento de pagar as contas.
Não compreendo as contas do Diogo
Diogo, dá um crescimento de 17% em oito anos. Tendo em conta a margem erro associada à medição do PIB, pode ser, de facto, muito pouco.
Uma extraordinária síntese da situação actual de Portugal nesta entrevista que vale a pena ver. Sobretudo retenho a necessidade de saber dizer que o rei vai nu e de não estar sempre a sonhar com soluções que vêm de fora.
Sim, também gostei da entrevista a Frei Fernando Ventura.
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