sábado, 2 de outubro de 2010

"As instituições, o neoliberalismo e a crise"

Para aqueles que teimam em subestimar o efeito potenciador da arquitectura da Eurozona na crise que hoje vivemos, recordo um texto do Prof. João Ferreira do Amaral publicado aqui.

Este parágrafo é um convite à leitura do texto na íntegra:

"Mesmo antes da crise, a zona euro teve um desempenho muito longe do satisfatório. De facto, o crescimento económico desde a realização da moeda única foi medíocre (pouco mais de 2% ao ano), o desemprego manteve-se sempre em níveis elevados (em média 9% da população activa), algumas das economias foram acumulando défices cada vez maiores em relação ao exterior, etc. Para um projecto que anunciava uma nova era de progresso para a Europa, a moeda única constituiu uma desilusão indesmentível. Maior desilusão ainda quando se verificou que nem sequer poupou a Europa à crise actual e que, pelo contrário, terá provavelmente agravado os seus efeitos. Porque foi a crise que revelou as fraquezas mais nítidas deste enquadramento institucional."

7 comentários:

  1. «O crescimento económico desde a realização da moeda única foi medíocre (pouco mais de 2% ao ano)»

    O que em oito anos no caso português (desde 2002), dá um crescimento económico de 117%. Nada mau, não é verdade?

    O que é afinal o «crescimento económico»? Os ladrões de bicicletas saberão explicar?

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  2. a moeda europeia é uma realização admirável
    a falta de coesão na europa dos anos 20 e 50 originou flutuações muito maiores nas moedas nacionais
    e ataques a uma presa mais fácil

    tem os seus problemas
    mas sem euro...

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  3. Não se trata de subestimar o efeito potenciador da arquitectura da Eurozona mas de procurar a origem da situação limite em que as finanças de Portugal estão hoje.

    As instituições do Euro até podem justificar o baixo crescimento na Europa e o desemprego. Não me parece que se possa ignorar o efeito da China e de outros países emergentes no mesmo período.

    Mas a questão central é saber como é que só agora um primeiro ministro descobre que afinal tinha que fazer uma inversão total à sua política. Os défices de 9% não foram para acorrer aos bancos (como na Irlanda) nem vêm de muito atrás (como na Grécia).

    Para onde está a ir o dinheiro, ou como está a ser gerido, para ter um efeito imperceptível no crescimento? E o primeiro ministro não sabia que a trajectória era insustentável? Estava à espera de um milagre?

    Faz sentido andar a reduzir os ordenados que há pouco aumentou, a aumentar os impostos que há pouco reduziu e a retirar os benefícios sociais que há pouco serviam para combater a crise?

    Centrar a atenção na questão ideológica e ignorar esta questão básica de gestão financeira e de saber viver com a realidade em que se está inserido parece-me um óptimo serviço ao governo e a todos aqueles que têm conseguido negócios fabulosos por intermédio do governo.

    Em contrapartida trata-se de um péssimo serviço àqueles que mais precisam de solidariedade e que obviamente são as primeiras vítimas no momento de pagar as contas.

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  4. Diogo, dá um crescimento de 17% em oito anos. Tendo em conta a margem erro associada à medição do PIB, pode ser, de facto, muito pouco.

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  5. Uma extraordinária síntese da situação actual de Portugal nesta entrevista que vale a pena ver. Sobretudo retenho a necessidade de saber dizer que o rei vai nu e de não estar sempre a sonhar com soluções que vêm de fora.

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  6. Sim, também gostei da entrevista a Frei Fernando Ventura.

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