quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Vale tudo


A desfaçatez no debate económico à direita em Portugal é cada vez maior. Vejam estes dois posts de Manuel Castelo-Branco, do 31 da Armada, e de António “eu sou professor de economia” Nogueira Leite, conselheiro de Passos Coelho, no Albergue Espanhol. Ambos vão buscar ao estudo do FMI, que já aqui referi, a defesa da redução do défice através de cortes de despesa como tendo menor impacto recessivo face ao aumento dos impostos. O PSD, na sua recusa de discutir questões fiscais no actual debate orçamental, conseguiria um aliado de peso. Bem oportuno, não? Não.

O FMI explica como chegou a essa, por sinal muito discutível, conclusão: cortes na despesa resultariam numa maior desvalorização cambial (promotora das exportações) e numa acrescida redução da taxa de juro (promotora do investimento e consumo). Claro está que, pertencendo à zona euro, Portugal não pode desvalorizar a sua moeda face aos seus parceiros comerciais. Por outro lado, as taxas de juro praticadas em Portugal, a níveis historicamente baixos, são sobretudo influenciadas pela política monetária europeia. Ou seja, os dois mecanismos identificados pelo FMI não estão, pura e simplesmente, disponíveis no nosso país. António Nogueira Leite e Manuel Castelo-Branco sabem isso, mas assim o argumento político cairia por terra. Só espero que Nogueira Leite seja mais intelectualmente honesto nas suas aulas de economia já que na blogosfera é uma desgraça intelectual e moral.

2 comentários:

Anónimo disse...

É o costume.!?
Da cabeça destes grandes génios, grandes economistas, ou sai porcaria ou sai a bodega que copiam lá fora.!!

Gabriel disse...

Eu só não sei bem se é burrice ou se é desonestidade intelectual - mas nada do que li ou ouvi do senhor professor me fez pensar noutra hipótese qualquer.