sexta-feira, 7 de janeiro de 2022

Fascista é mesmo a tua única palavra, Ventura


Ao invocar explicitamente “Deus, Pátria, Família”, André Ventura revelou ter aprendido a “Lição de Salazar”, a “Trilogia da Educação Nacional”, vertida nos cartazes do Secretariado de Propaganda Nacional do final da década de trinta do século passado. Acrescentou-lhe o trabalho, como não podia deixar de ser, se calhar até com alegria, como também se propagandeava no fascismo que existiu entre nós: o homem explorado fora de casa e a mulher dentro de casa.

A trilogia passa a tetralogia – Deus, Pátria, Família, Trabalho. Só mudam as circunstâncias históricas e não é pouco. O resto é conhecido: respeitinho, “um lugar para cada um, cada um no seu lugar”. Caso contrário, uns safanões a tempo devem ser aplicados aos recalcitrantes, que sempre os haverá.

É claro que Ventura não tem qualquer fidelidade às quatro palavras, como a sua tradição fascista de resto nunca teve.

O resto do artigo pode ser lido no setenta e quatro.

2 comentários:

Anónimo disse...

Haverá hoje em Portugal um risco significativo de, num prazo curto, a Direita - formalmente com ou sem Chega - chegar ao poder? Com eleições legislativas à vista, vale a pena analisar os resultados das sondagens mais recentes que a TVI, a SIC e a RTP1 promoveram e divulgaram. Consideremos então a média destas três sondagens:

1. O partido com mais intenções de voto é o PS, com uma percentagem de 37.7 % que é ultrapassada ligeiramente pelos 38.3 % da Direita-sem-Chega (PSD + IL + CDS) e não alimenta o sonho de uma "maioria absoluta" para o PS [Note-se que o PSD, em segundo lugar, alcança
31.6 %.}.

2. Os partidos à esquerda do PS conseguem apenas cerca de 12 % das intenções de voto, com 6.0 % para a CDU (PCP/PEV), 5.3 % para o BE e menos de 1% para o Livre; mesmo assim, bem mais do que o Chega, que chega apenas a 6.3 %.

3. O PAN - que pretende entrar no Governo, seja ele liderado pelo PS ou pelo PSD - não vai além de 2.3 %.

4. A Esquerda-no-sentido-lato (PS + PCP/PEV + BE + Livre), com cerca de 50 %, ultrapassa a Direita-no-sentido-lato (PSD + IL + CDS + Chega) com vantagem confortável [Mesmo com o Chega, a Direita só chega aos 44.6 %.].

Estes resultados sugerem que a Esquerda-no-sentido-lato terá uma maioria de deputados na Assembleia da República, e que - tal como nas legislativas de 2019 mas não nas de 2015 - o PS será o partido com mais deputados eleitos.


A. Correia

Anónimo disse...

Compare-se agora a distribuição das actuais intenções de voto, patente nas sondagens disponíveis, com os resultados das legislativas de 2019. Nessa altura, há pouco mais de dois anos, verificou-se o seguinte:

1. O partido com mais votos - e mais deputados eleitos - foi o PS, com uma percentagem de
36.3 % que superou à vontade os 33.3 % da Direita-sem-Chega (PSD + IL + CDS) [O PSD, em segundo lugar, ficou-se pelos 27.8 %.].

2. Os partidos à esquerda do PS atingiram 16.9 % das intenções de voto, com 9.5% para o BE,
6.3 % para a CDU (PCP/PEV) e 1.1 % para o Livre.

3. O PAN conseguiu 3.3 %.

4. A Esquerda-no-sentido-lato (PS + PCP/PEV + BE + Livre), com 53.2 % dos votos - e uma maioria de deputados eleitos -, ultrapassou muito claramente a Direita-no-sentido-lato (PSD + IL + CDS + Chega) [Mesmo com 1.3 % do Chega, a Direita só chegou aos 34.6 %.].


Pouco mais de dois anos depois, não parece haver hoje em Portugal um risco significativo de, num prazo curto, a Direita - formalmente com ou sem Chega - chegar ao poder. Contudo, é inegável o seguinte, atendendo à distribuição das actuais intenções de voto:

a) É de esperar que a Esquerda-no-sentido-lato recue dos 53.2 % para cerca de 50 % dos votos, com o conjunto dos partidos à esquerda do PS a baixar dos 16.9 % para cerca de 12 %.

b) É de esperar que a Direita-no-sentido-lato avance dos 34.6 % para 44.6 % dos votos, com o Chega a subir de 1.3 % para 6.3 %.

À grande subida da Direita-no-sentido-lato - DEZ pontos percentuais, dos quais metade corresponde a uma grande subida do Chega - está associada não só à descida moderada da Esquerda-no-sentido-lato (e à do PAN), mas também a uma grande descida dos votos brancos, nulos e atribuídos a partidos que não conseguem obter representação parlamentar (foram cerca de 9 % em 2019). Esta grande subida da Direita pode representar uma enorme ameaça a médio e a longo prazo, nomeadamente se o Governo que resultar das próximas legislativas não estiver à altura das circunstâncias.

A. Correia