segunda-feira, 31 de janeiro de 2022

Há ou não há alternativa?

Na discussão política permanente que mantenho com um amigo que permanecerá anónimo, um facto acaba sempre presente: mesmo no ambiente intelectual e político mais ideologicamente intoxicado pelas variedades de erva daninha europeísta, 20% dos nossos concidadãos considera que o euro é prejudicial a Portugal.


Estas eleições teriam sido, queremos crer, um bom ponto de partida para destruir o mito de que não há alternativa: produzir mais e cada vez melhores argumentos e apresentar propostas que aumentem a confiança desta minoria e a alarguem, até que esta possa pesar na situação.

Talvez um dos problemas da esquerda à esquerda do PS tenha sido não ter colocado esta questão no centro. Talvez não adiantasse eleitoralmente muito no curto prazo, mas pelo menos teria sido mais fácil de explicar o voto contra um orçamento que definitivamente não dava respostas, confirmando Portugal na cauda das respostas de política orçamental. Os constrangimentos são o que são.

No processo, mais gente teria ficado esclarecida. Será que há outra forma de combater o medo e o recurso ao mal menor?

3 comentários:

Anónimo disse...

Tanto BE como CDU foram, à semelhança do PAN, penalizados pela sua indefinição. Por um lado o chumbo do orçamento afastou eleitores que não queriam eleições antecipadas, ainda por cima umas eleições que apenas serviram para dar maioria absoluta ao PS e tachos à escumalha do Chega.
Por outro lado, o facto de cederem à pressão politicamente correta do capitalismo e da comunicação social de direita afasta eleitores mais à esquerda, que defendem mudanças mais radicais. O euro é um desses exemplos: apesar de, por agora, a maioria do povo ser a favor do euro, como é que não há um único partido de esquerda que fale sequer em debater a saída do euro? Os 20% de portugueses que defendem a saída do euro não merecem ter uma voz que os representem? Afinal os 7% de burros chegófilos têm não uma, mas doze vozes.
O outro exemplo é o programa do BE falar em "desprivatizações" porque aparentemente "nacionalizações" é um termo demasiado politicamente incorreto. Tendo em conta a pandemia que atravessamos, é igualmente ridículo nenhum partido de esquerda sugerir a nacionalização dos hospitais privados. A IL, em modo fazer promessas que o Estado não tem como pagar, sugere que todos os cidadãos possam usar os hospitais privados sem terem que ir à falência. Aí o BE estaria em posição ideal para destruir o argumento da IL. À proposta da IL de ter o Estado a financiar a saúde privada, o BE deveria responder com a proposta da nacionalização da saúde privada, o que evitaria ter que pagar a intermediários e que beneficiaria o povo português bem mais que qualquer fantasia despesista da IL.
Dito isto, espero que em 2026 apareça uma esquerda politicamente incorreta nas eleições, pronta para tirar a maioria absoluta ao PS do mesmo modo que o fez em 2009. E de preferência uma esquerda unida pois a desunião entre as esquerdas é bastante prejudicial para as mesmas tendo em conta a existência de círculos eleitorais.

Anónimo disse...

Não se pode falar do Euro sem primeiro se falar em democracia, ou da falta dela, a falta de horizonte é um hábito e o hábito convive bem com a imposição, resgatar o outro é proporcionar a alguém a possibilidade de ser diferente.

Anónimo disse...

Este é o momento para que Toda a esquerda (Bloco,PCP,PEV,Refundação comunista,socialistas de esquerda,e todos os que não se resignam as politicas Neo-liberais) seja capaz de apresentar um projecto Alternativo (em eleições,legislativas ou autárquicas).