sábado, 15 de janeiro de 2022

Votos de confiança

Kandinsky - Counter weights

Ao longo dos debates sobre as eleições legislativas, uma das questões mais discutidas tem sido a das possíveis coligações pós-eleitorais. A este respeito, a maioria dos jornalistas e comentadores tem insistido em perguntar se ainda existe confiança entre as lideranças do PS e dos partidos de esquerda para assinarem novos acordos, ou se as acusações de traição de ambas as partes impossibilitam uma reaproximação. A pergunta é estranha, porque parece querer pessoalizar um debate que é político. Mas tem uma resposta simples: a "confiança" será definida pelos votos que cada partido obtiver no dia 30. É a relação de forças que vai determinar se existe possibilidade de negociação (se a esquerda mantiver ou reforçar o seu peso) ou o se essa porta se fecha (se o PS alcançar a maioria absoluta que pretende). Como em 2015.

4 comentários:

Anónimo disse...

As próximas eleições legislativas, inicialmente previstas para o Outono de 2023, foram antecipadas para 30/1/2022 por vontade de quem hoje manda em Portugal (na política, nos negócios, nos media), com o GRANDE OBJECTIVO de tentar acabar com a influência que os chamados "partidos radicais de esquerda" tiveram na governação recente, sobretudo entre 2015 e 2019, mesmo sem terem tido responsabilidades governativas. O comportamento de Costa nos últimos tempos - nos debates televisivos e não só -, optando por fechar portas que os parceiros de esquerda pretendiam manter abertas, comprova isto mesmo.

Se o PS for o partido com mais deputados eleitos, alcançando assim uma maioria relativa, e a direita toda junta for minoritária na AR, Costa fica em condições de formar governo, tal como sucedeu em 2019, sem precisar de negociar com os partidos à esquerda do PS. Negociará com o PAN e, se necessário - numa "solução à Guterres" apadrinhada por Marcelo -, acabará a negociar com o PSD de Rio ou com alguns deputados "limianos" pescados à linha, tudo em nome da "estabilidade política". Quanto à proposta de OE2022 do novo governo, creio que andará muito perto da que a AR rejeitou em Outubro...

A. Correia

Anónimo disse...

A dialética é sempre no sentido de vitimização do PS, que está sempre disposto a fazer o melhor para o país e os partidos à esquerda não deixam ou não querem, Antonio Costa devia assumir que em nome das suas políticas faz acordo com quem for preciso, o problema aqui é que tem de assumir que as suas políticas são de direita e isto tem um custo.

Anónimo disse...

O país vai a eleições porque foi essa a estratégia do governo com o apoio do Presidente da Républica,as pressões do poder económico e da maioria dos media para que as esquerdas deixarem de ter influência junto do governo,para eles urge fazer reformas;flexibilizar ainda mais a legislação laboral,destruir o SNS,privatizar.Perante este cenário a Alternativa a esquerda devia de ter passado por uma frente ampla mobilizadora para sair reforçada nas eleições para travar as ambições de maiorias absolutas ou de bloco central.

António Ladrilhador disse...

Permita que discorde da sua afirmação de que o debate é político. O 'embate' não passa de uma luta de galináceos, ou de uma conversa sensaborona sobre temas que a generalidade dos eleitores nem tem capacidade para entender.
Desenvolvi o tema em https://mosaicosemportugues.blogspot.com/2022/01/vacuo-vs-vazio-essencia-dos-debates.html, que a convido a visitar.