sexta-feira, 2 de setembro de 2022

O futuro do SNS é o futuro do País

 

Pouco importa quem será o sucessor de Marta Temido. António Costa foi bem claro: a política é definida pelo Governo, o ministro da saúde é um executor da política. Acontece que a política do Governo é, em larga medida, definida pelas regras, recomendações e ameaças provenientes da Comissão e do Conselho Europeu. O essencial define-se em Bruxelas e Frankfurt.

Em suma, a erosão do SNS, e do Estado social em geral, é o previsível resultado da condição de um país pouco desenvolvido que entrou no "colete de forças" do euro abdicando de todos os instrumentos de política que lhe permitiriam executar uma estratégia de desenvolvimento.

Os fundos comunitários que recebemos são úteis mas sob condições de matriz neoliberal, anti-desenvolvimentistas. Mesmo que tivessem maior dimensão, nunca dispensariam uma estratégia de desenvolvimento, e essa é impossível sem política comercial geo-estrategicamente aberta, sem política industrial autónoma, sem política orçamental financiada pelo próprio banco central, sem política cambial flexível adequada à conjuntura e aos nossos interesses de médio e longo prazo, sem controlo dos movimentos de capitais especulativos.

Ou seja, discutir o futuro do SNS implica discutir o que, no fundo, leva o Governo a protelar e camuflar o que todos sabemos que precisa de ser feito. Mas este é um assunto tabu, mesmo para muitos cidadãos de esquerda.

1 comentário:

Monteiro disse...

Qual é a política que é definida pelo governo? A da Saúde, da Educação, dos polícias, das Finanças? Isso é política da governação corrente. A Grande política, a da produção e da riqueza, essa é política privada que o liberalismo não autoriza que o Governo lhe toque.