quarta-feira, 24 de janeiro de 2024

Saída, voz e lealdade

15 mil pessoas sairam à rua em Salamanca, uma cidade do tamanho e feitio universitário de Coimbra, para exigir o comboio rápido com ligação a Portugal. Tiago Gonçalves, que divulgou esta manifestação, assinalou o círculo virtuoso espanhol, trinta anos à nossa frente neste campo: “um país onde o comboio tem importância social e económica é um país onde as pessoas saem à rua para exigir mais”. 

Não passa um dia em que não me lembre de Exit, Voice and Loyalty, a propósito de tudo e de nada. Penso sempre nas articulações, por vezes até complementares, entre a “voz” na democracia e a “saída”, tantas vezes silenciosa, no mercado. A questão da lealdade complica, mas não excessivamente, as dinâmicas das diferentes formas de economia sempre política. 

Não há ano que passe em que não recomende este livro a estudantes de todos os cursos e níveis a que leciono. É mesmo o livro de ciências sociais e humanas que mais me influenciou e que não está editado em Portugal. Escrito por um dos economistas políticos e morais de eleição, em 155 páginas forjou um quadro de análise tão sofisticado quanto simples e abrangente; um feito científico por um defensor da economia mista.

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