domingo, 27 de março de 2022

Presenças e ausências marxistas


A força do impacto dos textos de Losurdo sobre mim se deve a dois elementos diferentes mas interligados: a vinculação da luta comunista à questão colonial/racial e a retomada de uma visão realista das experiências de socialismo real quando estávamos todos hipnotizados pela verdade absoluta da superioridade moral e política do chamado 'mundo livre'.

Caetano Veloso resume muito bem o impacto de Domenico Losurdo (1941-2018), grande filósofo e historiador marxista italiano, a que já aqui várias vezes aludimos, no prólogo que escreveu a uma coletânea de textos inéditos em português. No Brasil existe uma cultura marxista digna desse nome e a editora Boitempo é a expressão editorial dessa realidade. 

Em Portugal, se virmos bem, com excepções conhecidas, a cultura marxista peca pela ausência. No Público, por exemplo, Alexandra Prado Coelho consegue fazer uma análise das relações internacionais a um Domingo, ignorando o contributo do marxismo, como se tudo se passasse entre realistas e liberais, com vantagem, claro, para os últimos; como se o desastre do liberalismo armado, da forma ideológica dominante do imperialismo, não estivesse à vista. Na realidade, está muito por fazer e tudo por traduzir...


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