domingo, 16 de dezembro de 2012

Leituras

«Fui surpreendido pela capacidade de resiliência política da Europa - a disponibilidade dos países devedores para suportar uma dor aparentemente interminável, a capacidade do BCE para não ir além do que é suficiente, no último minuto, para acalmar os mercados, quando a situação financeira parece prestes a explodir. Mas a Economia da austeridade tem estado a funcionar exactamente de acordo com o argumento - o argumento keynesiano, que não é, evidentemente, o argumento austeritário. Repetidamente, os tecnocratas "responsáveis" induzem os seus países a aceitar o remédio amargo da austeridade; e repetidamente não conseguem apresentar resultados. (...) Tudo se passa, realmente, como na medicina medieval: quando se sangram os doentes para tratar das suas doenças, e a sangria os torna ainda mais doentes, decide-se sangrá-los ainda mais.»

Paul Krugman, «A Europa a sangrar»

«A dívida pública atinge neste momento os 200 mil milhões de euros ou seja 110 por cento do PIB. A aposta na austeridade e nas privatizações tem sido a solução dos últimos governos. Mas de onde vem a dívida? Será pública ou privada? Quem a deve pagar? E por fim, a derradeira questão: há uma alternativa? A Iniciativa por Uma Auditoria Cidadã à Dívida Pública e os autores do livro "Quem paga o Estado Social em Portugal" acreditam que sim.»

Da reportagem de Patrícia Maia no Boas Notícias, que analisa a questão da dívida, da austeridade, das privatizações e do desmantelamento do Estado Social, a partir de entrevistas a José Castro Caldas e a autores da obra coordenada por Raquel Varela.

«O declínio do estado social "não é inevitável" e tem uma origem "económica e não demográfica", disse hoje o economista João Ferreira do Amaral. (...) Apesar do envelhecimento da população (que implica um gasto crescente com pensões e cuidados de saúde), argumenta Ferreira do Amaral, o problema do financiamento do estado social está no "crescimento muito insatisfatório" que se tem registado na última década e meia. O economista chama a atenção, em particular, para o "alto nível de desemprego", sublinhando que "convém não esquecer que há níveis muito altos de ativos que não estão a trabalhar".»

Da entrevista da Agência Lusa a João Ferreira do Amaral, no «i».

2 comentários:

Anónimo disse...

Medicina amarga (no primeiro extracto)? Ou... remédio amargo?

A.M.

Nuno Serra disse...

Caro A.M.
Agradeço a sua sugestão de tradução. «remédio amargo» é, de facto, uma solução mais feliz. Obrigado.