Ontem ficámos a saber que, segundo dados do Eurostat, Portugal é, actualmente, o país da zona euro com a mais alta taxa de desemprego. No entanto, os diferentes números existentes à volta do (des)emprego são fonte costumeira de confusão. Por isso, vale a pena esclarecer algumas questões.
Primeiro é preciso saber que existem diferentes (pelo menos três) organismos que calculam o desemprego em Portugal: o Eurostat (fonte da informação de hoje), o INE e o IEFP. O IEFP será a fonte menos fidedigna, pois só contabiliza os desempregados registados nos seus centros. Um jovem à procura do primeiro emprego, não inscrito no IEFP, não é contabilizado. Se não me engano, o IEFP tem mesmo o cuidado de não anunciar uma taxa de desemprego. Contudo, é recorrente ver na comunicação social as variações do número de desempregados registados como indicador para a evolução da taxa de desemprego
Finalmente, é de notar a forma como o governo tem abordado a questão do desemprego, realçando o número de empregos criados nesta legislatura - mais de cem mil. No entanto, como este artigo do DN mostra, estes dados são brutos - não têm em conta o aumento da população activa e a destruição de emprego. Uma manipulação grosseira que só serve para atirar areia aos nossos olhos.
2 comentários:
1. Os jovens à procura de 1º emprego, como sabe, não contam para a taxa de desemprego. Pelo menos foi o que aprendi em Economia no 9º ano.
2. Essa da "taxa de desemprego real" é muitíssimo habilidosa. Aliás, o subemprego não deixa de ser emprego, ainda que seja a coisa horrenda que todos sabemos.
Pedro Sá aprendeu mal no 9º ano. A taxa de desemprego dá o número de activos não empregados sobre o nº de activos...
E como diz o IEFP não disponibiliza nenhuma taxa de desemprego. O que o IEFP disponibilisa é o nº de desempregados inscritos nos centros de emprego. O que os media e o governo fazem é a desonestidade do costume... usando e abusando dos números e das contas que melhor sirva as necessidades do discurso...
E sim poderemos falar em taxa de desemprego em sentido lato, termo que é reconhecido no plano estatístico.
Ricardo
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