sexta-feira, 30 de junho de 2023

Imagine

Imagine, por absurdo, que Christine Lagarde se dispunha a vir à Assembleia da República ouvir as críticas de quase todos os grupos parlamentares, umas infinitamente mais coerentes, justas e assertivas do que outras, claro, como sugere Carmo Afonso. E depois? Depois, nada. No fundo, a exigência de democratização do império liberal monetário é uma contradição nos termos. Varoufakis, por exemplo, aprendeu esta lição de economia política histórica à sua custa.

5 comentários:

Anónimo disse...

De um vez por todas vamos ser claros, não vale a pena inventar coisas que não existem e que estão devidamente documentadas, Yanis Varoufakis tal como todos os Gregos foram atraiçoados por um primeiro ministro de nome Aléxis Tsípras que decidiu fazer o contrário do resultado de um referendo. E claro que YAnis VAroufakis tinha um plano e claro que Yanis Varoufakis é uma referência para a esquerda e para qualquer cidadão que se queira digno, nA verdade VAroufakis é um dos heróis dos nossos tempos talvez por isso gere tanto desgosto e inimizade. Isto é o completo absurdo...convencer a esquerda de coisas que são obviamente de esquerda...

Óscar Pereira disse...

Caro João Rodrigues,

Tenho que concordar com o anónimo das 14:33: Varoufakis, que não é perfeito, não merece, contudo, críticas como as que faz (e que vão na esteira daquelas feitas por Paulo Coimbra, há alguns posts atrás).

Varoufakis disse claramente que tiraria a Grécia do euro, se a alternativa fosse a "escravidão da dívida" (debt bondage). Se não o fez, foi por causa da rendição -- escandalosa, diga-se de passagem! -- de Tsipras.

Claro que há muito que é criticável em Varoufakis, começando pela sua obsessão de transformar a UE num estado federal (what could possibly go wrong...). Mas não se pode dizer que ele não sabia o que estava a saber, nem que se deixou encurralar num canto porque não percebia que a economia é sempre política. Aliás, "democratização do império liberal monetário" quer dizer precisamente o que Varoufakis defende: uma UE federal e democrática -- i.e., um estado europeu propriamente dito.

Pode-se concordar, ou não (eu não concordo). Agora dizer que é uma contradição nos seus termos, desculpe-me a sinceridade, é só querer ser teimoso...

Ben Franklin dizia que «We must, indeed, all hang together or, most assuredly, we shall all hang separately.» Comentários como os seus, e os de Paulo Coimbra, só fazem a forca ficar cada vez mais próxima...

Óscar Pereira disse...

Caro João Rodrigues,

Ainda no espírito de crítica construtiva do meu último comentário, deixo-lhe aqui um texto que ilustra um outro aspecto do problema a que então aludi:

«And it’s just so strange to me that this doesn’t dominate all leftist discourse all the time. The fact that the western left is a tiny politically impotent minority with nowhere near the numbers needed to accomplish its goals is the single most significant thing about the western left, by a long, long way.»

https://caitlinjohnstone.com/2023/06/02/the-biggest-problem-with-the-western-left-is-that-it-doesnt-exist/

Anónimo disse...

A proposição do João Rodrigues é perfeita, tomando-a de forma literal, já viram o absurdo que era um banco central ter de responder perante um parlamento? Vivemos uma realidade distópica como se fosse a coisa mais normal do mundo, como vêem é muito fácil convencer as pessoas de coisas inpensáveis.

Anónimo disse...

Depois? Depois esperava-se que Lagarde fosse a cada um dos parlamentos nacionais da eurozona. O que é que o parlamento de 1% do pib da eurozona tem a mais que outros? Porque é que as decisões do BCE deviam ter como ponto de orientação uma das economias mais pequenas da eurozona?