sexta-feira, 30 de junho de 2023

Será que são os alemães que andam a viver acima das possibilidades?

Em junho, a taxa de inflação em Espanha abrandou acentuadamente para 1,9%, o que está abaixo do objetivo do BCE. A introdução de um limite máximo para o preço do gás na produção de energia, os limites aos aumentos das rendas, a tributação dos lucros excepcionais, etc., fizeram, desde o início, a diferença, afirma, e bem, Philipp Heimberger.


Com os preços em trajectórias tão distintas em Espanha e Alemanha, nenhuma política económica pode ser a política adequada para ambos os países em simultâneo. 

Confirma-se pela enésima vez que a zona euro não é uma área monetária funcional, mas um arranjo distópico que colocou países com estruturas produtivas fundamentalmente distintas a competir diretamente, sem mecanismos de compensação e reciclagem dos inevitáveis excedentes e correspondentes défices, países esses amarrados a limites de défice orçamental e endividamento público sem qualquer racionalidade económica e social (muito pelo contrário). 

E, como se este panelão com tendência permanente para a fervura não fosse suficiente, a tampa é mantida em posição por uma instituição com poderes historicamente sem paralelo, inclusivamente o poder de decidir contra a vontade de parlamentos nacionais eleitos. Enfim, o que há muito se sabe e alguns insistem em empurrar para debaixo do tapete. 

Regressando à questão central deste texto, a divergência de preços em duas economias centrais na zona euro, a palavra a Vicente Ferreira: “Isto coloca um problema adicional à narrativa do BCE: se o problema da inflação está na procura, que tem de ser restringida por via da política monetária, será que são os alemães que andam a viver acima das possibilidades?”

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