Reparem na pérola do relatório desta semana do BdP sobre a grande transformação de Gaspar, antigo quadro e um puro produto desta “cultura” económica: “A simples adopção de uma miríade de medidas de políticas avulsas, desfasadas e incongruentes cria grande incerteza sobre os seus impactos, e uma fadiga face ao processo de reformas que põe em causa a sua eficácia global.”
Trata-se então de começar desde já, ao mesmo tempo que se pede a aceleração do plano, a antecipar as razões para o enésimo fracasso de um ajustamento estrutural que só poderá gerar desigualdade, destruição da capacidade produtiva e desemprego: não se tentou com convicção e coerência suficientes, os sujeitos políticos que tiveram de fazer o salto da pureza do papel para a impureza da realidade acabaram por claudicar, traindo uma ideologia de tudo ou nada, os objectos da experiência cansaram-se, não revelaram resiliência e plasticidade suficientes, o material humano é sempre fraco, a impaciência deitou tudo a perder. Enfim, só mais um esforço, um pouco mais de afinco, de radicalismo, e tudo teria corrido bem, o desastre teria dado lugar ao melhor dos mundos.
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