«Se o BE tiver razão, 19 das 20 empresas do PSI-20 estão localizadas para efeitos fiscais fora de Portugal. Virgínia Alves explicou bem, no DN de 3 de janeiro [ontem], como a família Soares dos Santos, detentora de 56% do grupo Pingo Doce, realizou, às claras, uma das maiores fugas ao fisco da história portuguesa. No penúltimo dia de 2011, fugiram para a Holanda 4,6 mil milhões de euros, o que ridiculariza o investimento chinês com a aquisição da parte que o Estado detinha na EDP. Recentemente, ficámos a saber que a própria CGD tinha interesses num paraíso fiscal situado nas Ilhas Caimão, num curioso jogo de masoquismo fiscal do Estado português. A Holanda, utilizando a anarquia fiscal europeia, vai recolhendo os dividendos de um esforço que não lhe pertence. A Alemanha, escudada na retórica luterana da sua chanceler, vai beneficiando do pânico que ela própria fomenta. Com efeito, uma das razões pelas quais o euro continua bastante forte reside no facto de a maioria dos capitais que fogem da Grécia, de Portugal, da Itália ou da Espanha não serem transformados em dólares, libras ou ienes, mas sim em euros que transitam da periferia em crise para bancos e fundos de investimento na Alemanha. Entre 2010 e 2012, Portugal vai pagar 21 mil milhões de euros em juros. Não admira que Klaus Regling, o chefe alemão do FEEF, recorde aos seus compatriotas que os resgates têm sido um ótimo negócio para a economia alemã. A Europa está a tornar-se um sítio pouco recomendável. Quem hoje manda parece querer transformar aquele que foi um projeto orgulhoso e exemplar num gigantesco "estado de natureza". A história mostra que onde o federalismo falha, a guerra nunca falta aos seus compromissos.»
O artigo de Viriato Soromenho-Marques, «Todos contra todos», no DN de hoje.
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8 comentários:
Não sei o que é estamos á espera para dizer á troika externa e interna que não pagamos a chamada divida soberana.
Com amigos como os alemães e outros quejandos (Coelhos e Cª; Jerónimo Martins e Cª; Sonae e Cª e muitos outros) quem é que precisa de inimigos.?
A propósito do presente e, no seguimento do tema abordado pelo João Rodrigues...
Pois... o problema está nas
" CLARAS "!
Enquanto o pagode se vai entretendo com a caça á economia paralela, fuga ao fisco, zelo na atribuição de prestações sociais, ...etc, etc!!! ( todos objectivos muito respeitáveis! ),
a cumplicidade e subserviência do poder político com o poder económico,
na produção de legislação favorável ao GRANDE CAPITAL...
faz " desaparecer " os MILHÕES !!!
DIFíCIL...
é apanhar, os " dentro da lei "!!!
Aleixo
os fundos de investimento alemães tão dando tan poucochinho
e a inflação na zona euro tá em 2,8%
de certeza que esse Viriato pensa nos fundos muito fundos que investem na indonésia e no outro lado de tordesilhas...
com os tombos que a bolsa alemã
e alguns fundos têm dado
espero por bem que os tenham metido noutros lugares mais interessantes
lá para 2013 vai ser precisa muita dinheirama
Então mas se uma sociedade portuguesa vendeu as acções da Jerónimo Martins a uma sociedade holandesa o dinheiro não deverá, quando muito, ter entrado e não saído?
Bolas, Albuquerque, o dinheiro que entrou, entrou nas contas pessoais dos donos das ações vendidas, e acabará numa offshore qualquer. O Estado deixa de receber impostos. Ou seja, nada entrou, e saiu às claras, em nome de leis absurdas, que protegem tudo o que tenha mais de 8 algarismos, uma pipa de massa. Tente receber o seu ordenado num país diferente, onde lhe cobrem menos impostos a ver se consegue... Ou ganha uns 8 algarismos?...
Alguém tem algo a rebater a propósito deste artigo?
Não sou fiscalista.
Ouvi ontem na tv dois:o PSantos guerreiro e um outro intitulado fiscalista defenderem a neutralidade fiscal da mudança.
Ora parece-me que isto não é matéria de opinião.
Poderiam explicar os detalhes como se nós fossemos todos muito pouco inteligentes?
Li um comentário no sentido de que a transferência para Holanda é útil ao negócio com a Colômbia porque evita a dupla tributação, uma vez que não existirá acordo entre Portugal e Colômbia. Neste caso, então o argumento da neutralidade fiscal não colhe.
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