Portugueses trabalham em média 37 horas semanais e alemães 35,7, segundo o Eurostat. Há mais de um milhão de portugueses que trabalham 41 ou mais horas por semana. São mais 25,5% do que há um ano, de acordo com o INE. A CIP propõe que a semana se estenda de 40 para 42 horas, apesar de Portugal estar à frente da Alemanha nesse indicador.
Jornal de Notícias
O aumento do número dos que trabalham mais do que 40 horas é a expressão da irracionalidade de um modelo de capitalismo sem mecanismos de coordenação robustos, um modelo que, mesmo em crise, odeia os chamados tempos mortos, ou tem formas desumanas de os gerar: o desemprego não pára de aumentar. Como já aqui defendi, apesar dos retrocessos neoliberais e do atroz populismo de Merkel, a chamada variedade renana de capitalismo ainda oferece pistas institucionais a explorar, nomeadamente o incentivo à redução do horário de trabalho como estratégia de manutenção do emprego. Os representantes dos patrões portugueses não querem saber disso, nem parecem ligar às reais dificuldades do investimento empresarial: a falta de procura, seguida a grande distância do crédito, como assinala o próprio Banco de Portugal. De resto, a retórica moralista da menor produtividade do trabalho nacional face aos eficientes alemães é equivocada e tende, como o Ricardo Paes Mamede tem assinalado, a esconder tudo o que importa, ou seja, as potencialidades produtivas dos diferentes sectores onde as economias se especializam, as capacidades de organização empresarial, a formação que se incentiva, a configuração das relações laborais...
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
4 comentários:
Há coisas que não percebo...
MCdT, a questäo é que os economicamente liberais säo socialmente conservadores, e por isso aqui na Europa "liberalismo" significa "direita", e os liberais na Europa estäo à direita nos Parlamentos.
Quanto a trabalhar mais e menos, só tenho a dizer que há que que trabalhar *menos horas*, mas produzir *pelo menos o mesmo*. Isso é que é *produtividade real*. Os franceses passaram a 35 horas semanais e no entanto säo os trabalhadores mais produtivos da Europa precisamente por isso.
Em Portugal basta deixar as conversas da bola para *depois* do trabalho, e vereis como a produtividade aumenta em 20%!!!
As propostas da CIP trazem sempre o revivalismo do antigamente.
Enviar um comentário