segunda-feira, 23 de maio de 2011

As regras do jogo

Na discussão pública sobre a questão da dívida soberana, os cenários de reestruturação ou de não pagamento parcial são em regra rotulados, negativamente, como soluções «fora-da-lei». Isto é, como opções ilegítimas e imorais de que qualquer governo deverá abdicar, caso queira conservar, pelo menos, uma espécie de «dignidade» ou de «honra» institucional.

Valerá contudo a pena lembrar que as taxas de juro pornográficas a que têm estado sujeitas as dívidas soberanas dos países periféricos têm justamente, como fundamento, o risco de incumprimento. Ou seja, reestruturar ou saldar apenas parcialmente uma dívida faz necessariamente parte das regras do jogo, a partir do momento em que se aceita que um país fique obrigado a pagar um montante adicional, decorrente da «estimativa de risco» que os mercados entendem (sem demonstrada objectividade, aliás) apurar.

É por isso absurdo o manto hipócrita de imoralidade e ilegalidade que se estende sobre os cenários de reestruturação e de não pagamento da dívida, sobretudo quando é com total naturalidade e legitimidade que se aceita o pagamento de um montante acrescido apreciável (que se soma ao «valor legítimo» dos juros), nas situações em que os Estados saldam atempadamente as suas dívidas. Aliás, ao demonstrarem, desse modo, como eram infundadas as estimativas de incumprimento, os Estados deveriam inclusivamente poder mover acções indemnizatórias contra os credores, por manifesta falta de «verificação» do risco que levou à fixação de taxas exorbitantes.

5 comentários:

باز راس الوهابية وفتواه في جواز الصمعولة اليهود. اار الازعيم-O FLUVIÁRIO NO DESERTO disse...

É por isso inaceitável o manto hipócrita de imoralidade e ilegalidade....

quando Cavaco foi chamado de péssimo presidente pelo presidente Checo

aqui d'el rei que é a nossa honra nacional

anos depois continuamos na mesma

não pagamos nem tentaremos pagar

de qualquer modo credibilidade para quê?

temos o mar que dá para afogar metade da população mais velhota

os outros que emigrem

não queremos pagar a dívida é de sokras e de 200 mil políticos

eles é que comeram os mercedes de 2011 e o caviar e o salmão fumado com data de expirado lá para 2012

as regras do jogo são

ou jogamos ou saímos do jogo

é simples ó avantesma

باز راس الوهابية وفتواه في جواز الصمعولة اليهود. اار الازعيم-O FLUVIÁRIO NO DESERTO disse...

saímos para as notas de 50 contos

com uma agricultura sexagenária

e 30% de subsidiodependentes

resulta de certeza

pelo menos diminui o nº de assaltantes como nos tempos salazaristas

se não há o que roubar...

Luis Gaspar disse...

Obviamente! É isso que é preciso repetir, porque mesmo um economista ortodoxo defende, em situações normais, essa ideia: os juros da dívida reflectem risco, e esse risco é que não se pague o que se deve. Retirar a possibilidade de default de uma relação baseada num prémio de risco de 8 pontos é intelectualmente desonesta, porque é entregar mais do que aquilo que se recebe. É uma borla.

D"SUL disse...

É óbvio meu caro Watson estou com a picture é só Metralhas......

Anónimo disse...

A moral dos grandes grupos económicos e dos políticos é absorvida com demasiada facilidade...em boa hora este seu post.