quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Eu que sou economista...

“[O]s mesmos mercados que desestabilizaram o sistema financeiro a um ponto tal que este teve de ser salvo pelos contribuintes, exigem agora um esforço de consolidação como preço a pagar pelo seu apoio a governos cujas dificuldades ajudaram a causar.” Pedro Adão e Silva, Económico. Acho que a crise está a reforçar uma tendência intelectual positiva e que pode ter consequências políticas: a economia é demasiado importante para ser deixada aos economistas. O futuro da economia política e moral, ou seja, o futuro de qualquer abordagem realista ao processo de provisão dos bens necessários à vida depende disto. Da sociologia à ciência política ou à filosofia, a investigação económica mais interessante que eu tenho lido – por exemplo, sobre variedades do capitalismo, hegemonia do neoliberalismo, construção e reconstrução política dos mercados ou interacção entre economia, moral e política na resposta às recessões – é feita por investigadores que trabalham fora da ciência lúgubre. Só se pode saudar que a opinião na imprensa acompanhe esta tendência. Sinal que o policiamento dos economistas-2012 já não intimida ninguém. O debate e o conhecimento ficam a ganhar. E as políticas públicas, sem separações artificiais entre políticas económicas e sociais, se calhar também.

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