Lawrence Summers. Professor na Universidade de Harvard, último Secretário do Tesouro da administração Clinton e ex-economista-chefe do Banco Mundial. Perante o colapso socioeconómico do neoliberalismo no seu país, vem agora reconhecer todos os efeitos perversos da financeirização que lhe está associada: desigualdades colossais, instabilidade financeira e «uma combinação tóxica de ganhos privados e de perdas socializadas». Os remédios prescritos passam por um aumento do investimento público nas áreas das energias renováveis e das novas tecnologias, pela redistribuição do rendimento, pelo incremento da protecção social e por uma maior regulação financeira.
Eric Schmidt. CEO da empresa Google. Denúncia, também em artigo no FT, a quebra do investimento público em I&D: «o facto da Internet, um grande motor da prosperidade e criação de postos de trabalho, ter começado como um projecto de investigação financiado pelo governo parece ter sido esquecido». Os neoliberais de blogosfera acham que o «empreendedorismo» floresce espontaneamente. Claro que sim. E que os EUA são o país da mobilidade social. Romances de mercado. Schmidt defende um plano de investimentos no sector ambiental para criar milhões de «postos de trabalho verdes». Muito próximo do «New Deal verde».
Jared Bernstein. Economista no Economic Policy Institute. Um dos poucos «think-tanks» dedicados à defesa de uma política económica progressista nos EUA. Um trabalho heróico em condições intelectuais e políticas muito desfavoráveis. O abaixo-assinado de centenas de economistas académicos, alguns deles Prémios Nobel da Economia, a favor do aumento do salário mínimo foi dinamizado pelo EPI. Tal como é reconhecido pelo Financial Times, Bernstein foi um dos pioneiros na exposição do fenómeno da «estagnação do salário mediano» nos EUA. O anuário Working State of America é uma referência. O movimento sindical português, que parece subestimar a luta das ideias, pode inspirar-se aqui.
O que têm em comum? Apoiam Barack Obama. O primeiro é falado para Secretário do Tesouro. O último é conselheiro económico de Obama e, como seria de esperar, defende um programa de relançamento keynesiano numa entrevista recente a Luís Rego do Diário Económico. O New Deal foi assim: uma ampla e contraditória coligação. A história repete-se? Não, mas às vezes parece. Primeiro Obama tem de ganhar as eleições. Uma maioria democrata de sessenta lugares no Senado ajudaria muito. Enfim, talvez o pêndulo oscile nos EUA. Optimismo da vontade.
terça-feira, 4 de novembro de 2008
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