Dani Rodrik da Universidade de Harvard é um dos responsáveis pela reabilitação, nos círculos académicos convencionais, dos controlos de capitais e das fórmulas keynesianas de taxação das transacções financeiras. As conversões a esta sensata posição não param. Como dizia Keynes, citado por Rodrik, «Se os factos mudam, eu mudo a minha opinião. E o senhor o que faz?». Acumulam-se estudos empíricos que suportam uma das grandes lições de Keynes: «as deslocações maciças e altamente caprichosas de fundos de curto prazo constituíram a principal fonte de perturbações do sistema financeiro internacional». Acumulam-se as soluções para domar a finança de mercado. Acumula-se a evidência de que os países que não aderiram ao antigo «Consenso de Washington» resistiram melhor.
Que países são mais vulneráveis? Os que alinharam na «regulação ligeira» dos mercados financeiros à Gordon Brown, os que acreditaram que a nacionalidade dos bancos já não interessava para nada (olhem para a Hungria…), os que subscreveram ingenuamente o romance dos mercados financeiros eficientes. Na realidade, foi mais importante, no caso dos países em vias de desenvolvimento, a força dos condicionalismos do «complexo Wall Street-Tesouro-FMI» (a expressão foi cunhada pelo economista liberal Jagdish Bahgwati).
A utópica hipótese dos mercados financeiros eficientes, uma ideia politicamente poderosa, mas intelectualmente muito frágil, como muito do que saiu de Chicago, foi transformada em dogma e inspirou a configuração neoliberal responsável pela crise. E, no entanto, até Jean-Claude Trichet começa a ter dúvidas. É bom que comece também a ter muitas dúvidas sobre a desgraçada actuação do BCE. A recessão está aí. Os consensos esboroam-se lá fora. Em Portugal, onde o debate público ainda é excessivamente dominado pelos economistas de todas as direitas intelectuais, parece que não se passa nada. É só mais uma crise. Tão natural como as estações...
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24 comentários:
Existe aqui uma falácia de raciocínio neste post:
tenta-se tirar aproveitamento da conjuntura para pregar um discurso de extrema-esquerda, como se a realidade dependesse da moda politicamente correcta do momento.
Acontece que os autores deste blog sempre defenderão um modelo extremista, independentemente da conjuntura. Desde o início da crise monetária (que os seus próprios gurus (Greenspan&trichet&cia) provocaram) que o teor dos posts não alterou uma vírgula. O que prova que a permeabilidade à política da moda, que agora pregam, não lhes surte efeito. Quando a liquidez regressar aos mercados, o discurso permanecerá na mesma.
O modo como esta dualidade é colocada a nu neste texto revela a grande hipocrisia, e desonestidade intelectual, da cassete que puseram a tocar.
f.m.sousa,
o seu comentário adjectiva sem argumentar. Não é preciso ser de extrema-esquerda (acho que nem economista) para perceber que uma desproporção entre a (não) taxação que incide sobre a especulação financeira e a que afecta as transações de mercadorias ou o rendimento do trabalho só pode gerar monstros e injustiças.
Para o mercado ser de facto livre e a formação de preços justa (reflexo da oferta e da procura e não de empolamentos à deriva) será indispensável criar um atrito à circulação de dinheiro (chamem-lhe taxa Tobin ou outra coisa quaquer)para que a economia especulativa se agarre à economia concreta e não deslize no irreal como um carro sobre gelo.
é seguir os links da página inicial. são até os próprios que se auto-intitulam
Uma falácia é o seu comentário:
"Argumento Ad hominem (circunstancial): em vez de atacar uma afirmação, o autor aponta para as circunstâncias em que a pessoa a fez"
Quando aprender a debater, será bem vindo ao debate. Já agora, quando souber o que é uma falácia.
Confira aqui:
http://criticanarede.com/falacias.htm
Curiosamente, ou talvez não, o grupo em que se insere a falácia que usou chama-se: Fugir ao Assunto (falhar o alvo).
Nada mais nada menos que o que vai praticando na sua poluição diária das caixas de comentários deste blogue.
O único extremista residente nestas caixas de comentários é mesmo o Filipe Melo Sousa.
O Super Heroi randiano que defende um extremo de egoismo, um extremo de desregulação, um extremo de repressão policial, um extremo de darwinismo social e por aí fora.
Chamar extrema-qualquer-coisa a alguém que sugere formas de todos vivermos em paz e justiça é, convenhamos, o extremo da desonestidade intelectual que atribui aos outros.
O Filipe Melo Sousa não é uma boa pessoa.
Repara que o teu conceito de "boa pessoa" assenta na predisposição dos outros para levar a cabo acções que os lesam, para o teu benefício pessoal.
Não é muito difícil determinar quem beneficiaria num mundo em que a tua moral definisse quem era uma boa e uma má pessoa.
Eu como sairia lesado ao concorrer para a tua medalha, prefiro claramente ser uma má pessoa, e beneficiar com o proveito que daí tiro.
Não é boa pessoa porque é desonesto a debater aqui.
Não conheço muitos defeitos de personalidade piores do que a desonestidade.
Mas eu até acho que o Filipe não tem a culpa. É em certa medida inimputável. Porque acho sinceramente que não consegue ou não consegue tentar. É um fenómeno documentado entre quem estuda autoritários de direita.
Só não fique a pensar que é livre.
Não esquecer de fundamentar: "és desonesto porque eu digo que sim"
Não sou só eu... outros deram-se ao já ao trabalho de lhe explicar porquê, não apenas neste post como em multiplos outros.
De qualquer modo, fundamentação é uma coisa com que, manifestamente, o Filipe não se preocupa.
Eu falava evidentemente de desonestidade intelectual. Não presumo que ande por aí a enganar velhinhas.
Por outro lado nada do que diz deixa entender que considerasse isso mau, já que o faria para seu benefício, o que no seu entender é o único critério válido.
Mas por quem me toma. Eu defendo, ao contrário de si, a liberdade do cidadão contra a fraude, roubo e extorsão.
Já de acordo com a sua moral, essas actividades são permitidas quando quem a pratica aparece bem vestido, com um discurso eloquente, e intimida o cidadão recorrendo à força e as autoridades governamentais.
Lá está o Filipe a ser desonesto...
Usando truques de retórica para esconder o elementar: que defende um pseudo-anarco-capitalismo onde os que ficam por cima são os "Bons" e têm a força e as armas e os que ficam por baixo são o fim da cadeia alimentar, consumíveis e eventualmente dispensáveis.
Ninguém o obriga a competir, e sujeitar-se a ser medido num ranking, nem a possuir capitais.
As noções de dispensável e indispensável estão intimamente ligados àqueles que tiram proveito do seu sistema moral de valores. Para quem não quer produzir, os mais valiosos são-lhe indispensáveis para ir saquear. Para quem tem valor, os parasitas são obviamente dispensáveis.
Você consegue mesmo dizer essas coisas e ficar convencido de que fez sentido e, pior ainda, tem alguma espécie de razão?
Agora vem este com o apelo do rei vai nu...
Não só vai nu como é castrado, estéril.
Sim, esse é de facto o desejo castrador da moral miserabilista que pretende nivelar por baixo por mera mesquinhice e inveja.
O FCC09 apresenta o primeiro Encontro Nacional de Bloggers de Cultura e/ou Criatividade!!
Este evento, a realizar no dia 08 de Fevereiro de 2009, inserido nas actividades do FCC09 tem por objectivo, reunir a comunidade de criadores de blogues, relacionados com as áreas do Património, Museus, Arte, Cultura e Indústrias Criativas, e criar um espaço informal de debate, discussão e partilha de ideias e experiências.
O registo como Blogger pode ser feito no nosso site, em Escreva-nos/Registo, e dá direito a um "Pass Blogger", que permite a entrada gratuita em todos os dias do TEMPUS e da CONCEPTA.
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"Ninguém o obriga a competir, e sujeitar-se a ser medido num ranking, nem a possuir capitais."
Óptimo não é ? Também ninguem me obriga a comer ou a respirar. Se calhar um dia destes até pare de fazer as duas coisas para experimentar. Epa ... talvez não, talvez seria melhor usar a minha "liberdade" de forma a ficar no topo da pirâmide e comer toda a comida e respirar todo o ar. Afinal, e segundo o seu raciocinio, tenho esse direito.
Filipe, esse argumento repetido ad nauseum começa a mostrar-se patético. A falar em cassetes ...
"Sim, esse é de facto o desejo castrador da moral miserabilista que pretende nivelar por baixo por mera mesquinhice e inveja."
Certamente a tua moral de nivelar por cima é menos mesquinha e invejosa não é ?
Mas de facto, a questão nem é esta. Trata-se sim da vontade de mudar um sistema, que esse sim, tem demonstrado ser mesquinho e injusto. Um sistema onde o conhecimento do económico e financeiro é factor decisivo para a acumulação de capital não só é injusto como completamente desfazado da realidade. Talvez um dia possámos comer notas de 500 euros e chamar-nos "Homo economicus". Por enquanto, que se dane a tua "liberdade" e que haja pão para todos.
Aposto que mesmo que desse o meu pão a quem precisa e passasse fome continuarias a achar que sou invejoso. Allas ...
ninguém o impede de mudar o sistema. eu não pretendo cobrar-lhe pelos seus esforços nesse sentido. eu ao contrário de si sou tolerante, não imponho os meus ideais nem o obrigo a pagar nada pelos meus.
passo muito bem sem si. pode dizer o mesmo?
Não filipe, não posso.
Tenho-lhe a dizer que passo muito bem consigo. De uma forma hilariante às vezes ...
Meu caro, para si a acção parece ser quase sempre estéril. Questiono-me se pensa no real efeito das ideias que defende. Ou talvez, também não tenha importância.
Torna-se bem claro quem precisa de parasitar quem...
"que se dane a tua liberdade"
Meu caro, quer uma resposta ou acredita mesmo que o que diz faz algum sentido ?
De facto, o parasita é você e a liberdade que tem - oferecida pelo sistema - e que permite que pessoas que pensam da mesma forma, perpetuem a exploração de quem cria riqueza real. Não a treta da criação de capital através de mercados cheios de parasitas, como parece ser você, que criam a vossa riqueza com truques de magia financeira.
Enquanto eu tenho 3 empregos para conseguir ganhar dinheiro, eu e muitos, contribuindo para a economia real. Outros jogam na bolsa e ganham balurdios enquanto os coçam animadamente.
Quem é que lhe parece o parasita meu caro ?
É para isto que quer a sua "liberdade" ?
A resposta que eu queria era que prescindisse de viver à custa dos outros. Mas para isso era preciso ter algum brio pessoal. A especulação não prejudica quem não tem capital. Já o mesmo não posso dizer dos beneficiários do orçamento de estado...
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