segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Avisos sensatos

Vale a pena ler o parecer do Conselho Económico e Social (via Jornal de Negócios). É uma análise séria e realista que não ignora os constrangimentos e as escolhas difíceis. Afinal de contas, João Ferreira do Amaral é o seu relator. Estamos muito longe dos fundamentalismos autistas do Banco de Portugal. Alguns destaques: «Existe (…) uma crise na sociedade portuguesa que antes de ser financeira e bancária é, sobretudo, social e económica (...) uma insistência exagerada no combate ao défice público seria inadequada, na opinião do CES, quando as actuais perspectivas económicas apontam para a continuação de um ciclo longo de baixo crescimento, que poderá ser ainda mais desfavorável se houver uma recessão mundial (…) se não existir algum crescimento da procura interna poderá verificar-se um cenário grave de recessão interna, com consequências de grande dimensão sobre o nível de desemprego, de pobreza e de exclusão social (…) O CES considera, assim, que o OE 2009 não aproveita totalmente a margem de manobra existente – face às circunstâncias excepcionais da evolução económica – para impulsionar a actividade económica nacional». O documento defende a recuperação do poder de compra dos salários e pensões, um maior reforço das prestações sociais e uma maior aposta no investimento público. O Estado como parte da solução. Isto não está para brincadeiras de economistas ortodoxos que se limitam a dizer, muito bem protegidos da tempestade, que tudo correrá pelo melhor se deixarmos «o mercado» seguir o seu curso. O governo foi avisado. Bem avisado.

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