Claro que sim. Conheço tantos militantes socialistas. A questão é saber se há esquerda organizada no PS. Com projectos alternativos ao neoliberalismo gradual socrático. E depois se ela é capaz de ter algum impacto num partido que parece cada vez mais reduzido a uma simples máquina eleitoral ou a uma claque do governo, sem qualquer outro papel ou função social. Sou céptico. É que não se vê nada. E isto reflecte-se no governo.
Reparem que quase nada é justificado com recurso a uma ideia, a um programa, a um projecto, a uma qualquer concepção do bem comum ou de justiça social que possa mobilizar politicamente quem quer que seja. É só constrangimentos, lá fora também se faz assim, é Bruxelas, o prestígio do país, a confiança dos agentes económicos ou a identificação selectiva, incoerente e enviesada de «privilegiados». Um deserto de ideias. E um partido sem ideias, uma vez sem poder, está fadado a um triste destino. Dir-me-iam que sempre foi assim. Talvez.
Mas com a direcção mais direitista de sempre acontece o inevitável: ali onde não há ideias de esquerda, um projecto social democrata articulado e contra-hegemónico, é o ar do tempo que se torna dominante. Assim, as desigualdades deixam de ser assunto, o desemprego passa a ser um problema de mercado e reduzir o peso do Estado e equilibrar as contas públicas são a única prioridade. É que as ideias são sempre inevitáveis e decisivas. Se não lhes abrimos a porta elas acabam por entrar pela janela. Neste campo a direita ideológica não precisa de se preocupar. O PS está quase capturado.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
2 comentários:
quase?!
De certa forma concordo consigo meu caro. Mas se assistiu ao último «Prós e Contra» há-de ter reparado que a sociedade civil está-se a dar conta do descalabro neoliberal de todo o centrão político. O país e a política que vemos na televisão têm cada vez menos a ver um com o outro. Sócrates já é só um boneco (efeminado) televisivo.
Enviar um comentário