No princípio da década de noventa Vincent Navarro, especialista em questões de saúde pública, publicou um estudo na Science & Society (uma excelente revista académica marxista) sobre o sucesso do socialismo. Acho que foi o primeiro trabalho académico em língua inglesa que eu li.
Estranho estudo dirão alguns. Ainda mais estranho porque escrito numa época em que tantos, confundido uma sucessão de derrotas políticas com a derrota das ideias, abandonavam qualquer esperança de substituir ou mesmo de reformar o sistema capitalista. Em que é que se baseava Navarro para tirar tão herética conclusão? Numa análise pormenorizada da evolução dos indicadores de saúde ao longo do século XX. Qual a conclusão a que chegou? As experiências socialistas, na sua imensa variedade (da social democracia escandinava, ao governo comunista de Kerala, passando por Cuba ou pela China maoista) tinham conseguido resultados comparativamente impressionantes na melhoria dos indicadores de saúde das populações (Amartya Sen já tinha chegado à mesma conclusão numa análise comparativa mais restrita da China e da Índia).
Nem tudo estava perdido. E havendo muito que repensar depois dos fracassos do «socialismo real», havia também que manter um núcleo fundamental de convicções programáticas. Entre elas estava a ideia de que a socialização da provisão dos cuidados de saúde é uma das grandes heranças socialistas a manter e a acarinhar. Contra todos os ventos e marés.
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2 comentários:
Mas toda a gente sabe que o comunismo faz mal à saúde...
Pois...
Até pode ser verdade.
O problema é que países socialistas têm um historial tremendo de falsificações de estatísticas.
Myrdal ficou muito entusiasmado com a china de Mao...
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