A verdade é que as contas certas são um logro que não resiste sequer a uma mera análise de contabilidade nacional. Os superávites do setor público não podem deixar de ser os défices do setor privado e vice-versa.
Não menos verdade, contudo, é que a capacidade para criar ou resolver problemas às pessoas não está essencialmente nas mãos dos governos, sobretudo os das periferias, mas sim nas instituições europeias e sobretudo no BCE.
Repare-se, por exemplo, que, com maior ou menor intuito de o tentar, todos os partidos afirmaram no período eleitoral querer subir salários, mas a verdade é que o BCE não o permitiria. E só um partido colocou no seu programa o euro como constrangimento, infelizmente sem a ancoragem que o assunto merece.
Também verdade é que esta abordagem das contas alegadamente certas tornou todos, excepto os bancos, mais pobres.
O país não precisa de contas certas, mas de contas funcionais.
Contas que funcionem para quem trabalha e para as empresas que beneficiam deste trabalho.
2 comentários:
Alguém me explica melhor o primeiro gráfico. Grato:)
Obrigado pela sua leitura. O somatório dos saldos dos setores públicos, privado e externo tem necessariamente um resultado igual zero dado que as receitas de uns são a despesa de outros. Assim sendo, se o sector público torna o seu saldo menos negativo, o setor privado tem de ver o seu a tornar-se mais negativo. Espero ter ajudado. Abraço.
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