Ontem, o INE apresentou também as contas nacionais trimestrais por setor institucional: “O saldo externo da economia fixou-se em 2,6% do Produto Interno Bruto (PIB) no terceiro e quarto trimestres de 2023, o que representou uma melhoria face a 2022, em que registou um saldo negativo (-0,4% do PIB).”
O saldo externo é contabilisticamente idêntico ao somatório dos saldos dos setores internos. A contabilidade não nos indica as relações de causalidade, antes fixando os limites do que podemos dizer e chamando a atenção para as interdependências que temos de considerar. Não é pouco.
Estivemos basicamente a “financiar” o resto do mundo, graças aos serviços de exportação, vulgo turismo. Este modelo extrovertido tem escassa capacidade produtiva e é muito vulnerável. As empresas (sociedades não-financeiras) estão a levar um aperto dos bancos (sociedades financeiras). E as famílias não estão melhor, com o seu saldo tenuemente positivo a ser idêntico ao registado antes da crise financeira, como sugerem os dados do INE projetados no gráfico de Paulo Coimbra.
Entretanto, diria que foi por causa da evolução do saldo externo que a poupança do setor público não teve consequências contabilísticas ainda mais negativas e evidentes no desempenho dos restantes setores.
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