Com honrosas excepções, Myrdal ou Sen, os melhores foram sempre excluídos do Prémio atribuído pelo Banco Central da Suécia e que é só “em memória” de Alfred Nobel.
Este prémio, como The Nobel Factor argumenta, fez parte do combate ideológico a favor de um capitalismo sem freios e contrapesos, contra a economia política da social-democracia.
Este ano os agraciados são três economistas convencionais que estudaram nesse quadro o papel dos bancos, da contração do crédito à desconfiança dos depositantes, no contexto de crises financeiras.
Um deles, Ben Bernanke, depois de ter, enquanto membro da Reserva Federal, alimentado a complacência convencional em relação à possibilidade e gravidade de uma crise financeira, usou o poder do credor de todas as instâncias para salvar o capitalismo financeiro. Evitou a regulação saudavelmente desconfiada das forças de mercado, mas reconheceu publicamente que o soberano tem sempre dinheiro, que o constrangimento não é pecuniário.
Como relato em O Neoliberalismo não é um slogan, em 2002, num discurso revelador feito num jantar de homenagem no nonagésimo aniversário de Milton Friedman, Ben Bernanke, na altura governador do Banco de Nova Iorque da Reserva Federal e presidente da Reserva Federal durante a crise iniciada em 2007‐2008, disse o seguinte: “Quero dizer a Milton [Friedman] e a Anna [Schwartz]: no que à Grande Depressão diz respeito, têm razão, fomos nós que a provocámos e por isso pedimos desculpa, mas graças a vocês não voltaremos a cometer o mesmo erro”.
Vale tudo para desculpabilizar os mercados e para manter as conquistas institucionais da chamada era Friedman-Hayek. Uma era de sonho para uma minoria.
2 comentários:
Acho muita piada ao(s) Nobel da Economia!
Os da medicina ainda são atribuídos a quem descobre alguma coisa que nos vai suavizar a vida.
Mas nunca vi algum agraciado com o da Economia que tivesse resolvido algum problema económico da nossa sociedade!
Os prémios de instituições de "referência" servem essencialmente para fabricar consentimento para a opressão das "elites".
Vejam como a Gulbenkian requalifica a Merkel, Merkel a presidente do júri para o prémio Humanidade da Gulbenkian... mas que farsa! Quase tão farsa como entregar o Prémio Nobel da Paz ao criminoso de guerra Obama!
Merkel, uma criatura que humilhou e esmagou com austeridade os do sul da Europa para salvar os oligarcas da banca alemã.
Este é o mundo realmente existente para lá dos prémios das "elites" e da restante propaganda, um mundo muito podre a necessitar urgentemente de mudança radical.
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