Para impedir que um desastre se materialize é indispensável e urgente encontrar uma solução para garantir o rendimento de quem trabalha.
Sobrecarregar a segurança social, delapidando os seus recursos, e as empresas que, fechando, se vêem privadas de receitas, é uma opção política de alcance limitado, senão mesmo contraproducente, incomparavelmente pior do que usar a ilimitada capacidade de um banco central para assegurar temporariamente este financiamento.
Mas, mas, mas... de onde viria o dinheiro? Simplesmente usamos um computador. Foi Ben Bernanke, quando era Presidente da Reserva Federal e tinha esse poder, quem o disse...
Porque, como oportunamente recorda Martin Wolf, “Salus rei publicae suprema lex”, ou seja, a segurança da república é a lei suprema.
4 comentários:
Entretanto, do outro lado da extensa fronteira marítima que nos separa dos USA:
https://www.bloomberg.com/news/articles/2020-03-18/senate-passes-virus-relief-bill-plans-for-even-bigger-stimulus
Neste contexto de choque pelo lado da oferta mas que se transformará rápidamente em choque pelo lado da procura por via dos despedimentos, perdas de rendimento e encerramentos forçados de empresas, a prioridade deveria ser a preservação do tecido empresarial e dos rendimentos das famílias.
A forma mais controlável e equitativa de fazer chegar recursos que impeçam a paralisia do sistema é a garantia explícita de uma percentagem do salário a quem seja forçado a parar em virtude das quarentenas.
Isto deveria ser feito com subsídios veiculados pelas empresas mas expressamente dedicados ao pagamento dessas percentagens dos salários. Como a grande fatia das despesas fixas das empresas são os salários, só por si isto resolveria a grande maioria dos problemas de tesouraria.
75% do salário daria um incentivo a quem pode trabalhar que o fizesse e permitiria a todos os assalariados cumprirem as suas obrigações como rendas, pagamento de empréstimos, etc., diminuindo a propagação de incumprimentos e falências.
Tais subsídios deveriam provir de um fundo autónomo a monetizar posteriormente pelo BCE.
Dar subsídios às empresas de forma cega ou com parâmetros vagos ou manipuláveis como 40% da facturação é um monumental disparate.
É curiosa e merece consideração concorde-se ou não, a tese de Frances Coppola de que não é a ocasião oportuna para "largadas" de "helicopter money". Embora como ela seja favorável à ideia, penso que no contexto mais regulado da Europa, com folhas de salários mais controladas, o ponto de injecção ideal para os estímulos é na manutenção dos salários.
Já num contexto americano, com maior percentagem de ultra-precários da "gig-economy" e leis de despedimento ultra-liberais faz todo o sentido que os cheques sejam distribuídos per capita.
Isto é uma avaliação muito pela rama e susceptivel de reconsideração
O artigo da Frances Coppola está na Brave New Europe:
https://braveneweurope.com/frances-coppola-is-helicopter-money-the-answer-to-the-looming-economic-crisis
Nem de propósito. Este artigo dá conta que a proposta que fiz acima de 75% dos salários para trabalhadores obrigados a parar acaba de ser aprovada na Dinamarca:
"This week, the Danish government told private companies hit by the effects of the pandemic that it would pay 75 percent of their employees’ salaries to avoid mass layoffs. The plan could require the government to spend as much as 13 percent of the national economy in three months. That is roughly the equivalent of a $2.5 trillion stimulus in the United States spread out over just 13 weeks. Like I said: very, very big."
https://www.theatlantic.com/ideas/archive/2020/03/denmark-freezing-its-economy-should-us/608533/
Eu tenho falado disso á 20 anos, mas pouca gente percebe a ideoligia.
Estamos a falar disso agora com a crise do corona virus mas iremos mais tarde falar disso com a robotizacao da industria e a falta de empregos para tanta gente.
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